Com 450 votos a favor, Eduardo Cunha é cassado de seu mandato

  • Por Jovem Pan
  • 12/09/2016 23h51

Eduardo Cunha em sessão que definiu cassação de seu mandato

Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil Eduardo Cunha em sessão que definiu cassação

O resultado era esperado: a cassação de Cunha foi concretizada em votação na madrugada desta terça-feira (12). Com um placar amplamente desfavorável (450 votos a favor e 10 votos contrários, com 9 abstenções e 1 que não votou devido ao artigo 17), o ex-presidente da Câmara teve todos os seus recursos de adiamento da sessão negados. Não houve manobra de última hora que pudesse salvá-lo do afastamento permanente da vida política.

Tentando manter a postura firme, Cunha subiu ao plenário para afirmar, durante 33 minutos, mais uma vez, que não possui contas no exterior. Ele ainda disse sofrer de perseguição política e que a condução de seu processo o colocou já como cassado. “Estou pagando o preço por ter dado continuidade ao processo de impeachment. É o preço que eu estou pagando por livrar o País do PT”, concluiu.

O relator do Conselho de Ética, deputado Marcos Rogério, em seu discurso, reforçou que há “provas incontestes” de que Cunha é responsável pelo crimes de lavagem de dinheiro e corrupção por meio dos trustes do qual ele afirma ser apenas o beneficiário.

Depois de muita discussão a respeito do trâmite da sessão, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, aprovou requerimento de Silvio Costa para acelerar o processo. Houve, então, após discursos de deputados, encaminhamentos a favor e contra e a votação da cassação de Cunha foi aberta. Nesse momento, líderes dos partidos pediram a palavra até que se concluísse a votação por completo.

De pé, de frente à tribuna, Eduardo Cunha acompanhou de perto cada discurso, mesmo os contrários a ele, sem esboçar reação. Ao saber seu destino, ele manteve a postura.

Agora cassado, já há especulação de que Cunha poderá fazer delação premiada e, após anos e anos na articulação política da Câmara, há quem diga que ele poderia colocar em xeque o governo de Michel Temer.

Histórico

O deputado federal Eduardo Cunha foi o político mais poderoso do Brasil durante sete meses. Eleito para presidir a Casa em fevereiro de 2015, ele se tornou o principal antagonista do governo Dilma Rousseff, que deixou acuado. Mas seu domínio começou a ruir em novembro de 2015, quando ele não conseguiu impedir que o Conselho de Ética da Câmara instaurasse um processo contra ele, por quebra de decoro parlamentar. Dali em diante, Cunha teve de se ocupar de sua defesa e colheu reveses – não sem antes ter alvejado o governo petista uma última vez, ao iniciar, em dezembro de 2015, o processo que levaria ao impeachment de Dilma.

Em março de 2015, ainda no começo do reinado, Cunha foi à CPI da Petrobras falar sobre as suspeitas de que estivesse envolvido nos crimes investigados pela Lava Jato. Foi ovacionado pelos colegas, mas deixou registrada uma mentira – a de não ter “qualquer tipo de conta” no exterior. Em setembro, o Ministério Público da Suíça envia ao Brasil provas de que Cunha havia aberto contas no país – por onde parecia circular dinheiro de origem duvidosa. A mentira numa CPI embasou o processo de cassação de mandato por quebra de decoro parlamentar, instaurado em novembro. A partir daí, a queda foi iminente.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.