Com médium foragido, moradores de Abadiânia evitam falar e estrangeiros meditam em centro espiritual
Abadiânia, no interior de Goiás, vive a expectativa da prisão de João de Deus, acusado de abuso sexual por mais de 300 mulheres de sete países. Com o médium foragido, o clima neste domingo (16) foi de tranquilidade e não houve grandes movimentações na cidade.
Mesmo com toda a polêmica envolvendo o líder espiritual, a Casa Dom Inácio de Loyola – onde João fazia atendimentos a fiéis – permaneceu aberta até o meio-dia. Com o horário de almoço, encerrou atividades que só serão retomadas na segunda-feira (17).
Uma dezena de pessoas passou a manhã no local. A maior parte do grupo era formada por estrangeiros, todos vestidos de branco. Enquanto alguns faziam orações, outros meditavam. Há poucos comércios abertos e moradores receiam em falar sobre o caso.
Sob condição de anonimato, algumas pessoas até arriscam opinar sobre o tema que movimenta o noticiário há uma semana. Mostrando preocupação com a economia, já que o médium movimenta numerosos grupos, alguns apontam que ele não era “flor que se cheire”.
Foragido
O Ministério Público e a Polícia Civil de Goiás esperam que o João de Deus se apresente a autoridades neste domingo (16), para que cumpra a prisão preventiva determinada pela justiça após as centenas de acusações registradas por forças-tarefa.
No sábado (15), ele passou a ser considerado foragido pelo Ministério Público, já que houve , “pois as diligências de localização resultaram negativas e o comparecimento espontâneo não ocorreu nas 24 horas seguintes à ordem de prisão”.
Denúncias
As acusações contra o líder religioso, que diz realizar tratamentos e “cirurgias espirituais” por meio de entidades que “incorpora”, surgiram no dia 8, quando um programa de televisão conversou com vítimas. Em todos os casos, João levava a mulher para uma sala reservada para sessão em busca de milagres, o que acabava evoluindo para toques e estupros.
Essas denúncias já foram feitas em sete países diferentes, incluindo o Brasil. Uma das vítimas seria a filha do médium. Algumas mensagens indicam que funcionários do centro de atendimento espiritual sabiam e eram coniventes com os crimes. O MP está atuando em vários estados com forças-tarefa para encaminhar denúncias e ouvir vítimas.
Defesa
Com a ordem judicial de prisão, o advogado Alberto Toron já avisou que vai pedir um habeas corpus em benefício de João de Deus. O defensor considerou a medida “ilegal e injusta”. Ele já entregou que o religioso vai se entregar, mas alegou que não vai divulgar a data e o horário “em respeito” às autoridades que o procuram.
Dinheiro
Após a primeira denúncia, investigadores identificaram que João de Deus movimentou cerca de R$ 35 milhões de contas pessoais. Esse fato fez com que o MP e a Polícia Civil acelerassem o pedido de prisão. Segundo revelou um jornal no sábado, o dinheiro foi retirado de aplicações que João possui em instituições bancárias.
*Com informações do Estadão Conteúdo
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