Comandante do Exército diz que corrupção ameaça a democracia
Em pronunciamento escrito nesta quinta-feira (19) o general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército brasileiro, disse que “as reais ameaças à nossa democracia” são os homicídios, a banalização da corrupção, a impunidade, o crime organizado e a “ideologização dos problemas nacionais”.
Em seguida, o general Villa Bôas lembrou que “nas eleições que se aproximam caberá à população definir, de forma livre, legítima, transparente e incontestável a vontade nacional” e pediu que “definido o resultado da disputa unamo-nos como nação”
O texto da Ordem do Dia foi escrito por Villas Bôas e lida por um oficial durante solenidade em Brasília pelo Dia do Exército nesta quinta-feira (19). O evento contou com a presença do presidente Michel Temer (MDB), que teve denúncia de corrupção barrada pela Câmara, e do pré-candidato ao Planalto, deputado Jair Bolsonaro (PSL), que tirou selfies com alunos do Colégio Militar de Brasília.
No ato desta quinta, foram agraciados com a Ordem do Mérito Militar os ministros do STF Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso e o diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro. Barroso tem sido muito criticado por aliados de Temer por sua atuação em processos relacionados à corrupção no Supremo, em especial o inquérito sobre o decreto dos Portos, em que o próprio presidente é investigado.
“Não podemos ficar indiferentes aos mais de 60 mil homicídios por ano, à banalização da corrupção, à impunidade, à insegurança ligada ao crescimento do crime organizado, e à ideologização dos problemas nacionais”, diz o texto assinado por Villas Bôas.
“São essas as reais ameaças à nossa democracia e contra as quais precisamos nos unir efetivamente, para que não retardem o desenvolvimento e prejudiquem a estabilidade. O momento requer equilíbrio, conciliação, respeito, ponderação e muito trabalho”, declarou o comandante do Exército.
“Nas eleições que se aproximam, caberá à população definir, de forma livre, legítima, transparente e incontestável, a vontade nacional. Definido o resultado da disputa, unamo-nos como Nação. Será esse o caminho para agregar valores, engrandecer a cidadania e comprometer os governantes com as aspirações legítimas de seu povo. O Exército acredita nesse postulado”, garantiu o general.
“Repúdio à impunidade”
Em 3 de abril, na véspera do julgamento do “habeas corpus” preventivo do ex-presidente Lula, Villas Bôas escreveu no Twitter que o Exército “compartilha o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade”.
A frase gerou intensa agitação no mundo político.
Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais.
— General Villas Boas (@Gen_VillasBoas) April 3, 2018
Orçamento
O comandante fez questão, no discurso desta quinta (19), de se queixar do orçamento apertado e baixos salários. “Nossa Força caminha em meio a dificuldades e desafios, entre os quais estão um orçamento aquém dos imperativos de suas missões e a defasagem salarial de seus soldados em relação às demais carreiras de Estado, obstáculos que não desviam os militares do propósito de estar, exclusivamente, dedicados e prontos para defender a Pátria”. E emendou: “e a nossa Pátria precisa ser defendida!”
Villas Bôas citou as inúmeras missões dadas ao Exército e afirmou que “a caminhada não tem sido fácil e registra, como agora, diversos momentos de crise, que exigem da sociedade sacrifício, entendimento e coesão”.
Destacou também que “o Exército de hoje renova diariamente seu compromisso de defender, desde sempre, a soberania e a liberdade”. Lembrou ainda as ações em Roraima, de acolhimento aos venezuelanos e de intervenção Federal, no Rio de Janeiro, ou na garantia da lei e da ordem, onde se fizer necessário.
O general fez questão também de exaltar os elevados índices de credibilidade que a Força tem junto à população, salientando que “o Exército não tem servidão maior do que à Pátria”.
Com informações complementares de Estadão Conteúdo.
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