Ministro da Justiça diz que Rio “não tem comando” e acusa PMs de serem “sócios do crime”
O ministro da Justiça Torquato Jardim declarou que “hoje, comandantes de batalhão são sócios do crime organizado no Rio”. A acusação ao comando da Polícia Militar do estado fluminense ocorreu em entrevista ao blog do Josias de Souza.
Sem citar nome, Jardim afirmou ainda que a liderança da polícia decorre de “acerto com deputado estadual e o crime organizado”.
Torquato Jardim avalia que “a milícia está tomando conta do narcotráfico” e atribui isso aos presídios federais, que teriam isolado as lideranças criminosas.
O ministro entende que o crime “deixou de ser vertical e passou a ser uma operação horizontal, muito mais difícil de controlar”.
Neste vácuo de poder, capitães e tenentes da política cresceram. “Aí é onde os comandantes de batalhão passam a ter influência. Não tem um chefão para controlar. Cada um vai ficar dono do seu pedaço. Hoje, os comandantes de batalhão são sócios do crime organizado no Rio”, afirmou o ministro.
Crime e críticas a Pezão
O ministro da Justiça está convencido que o assassinato do tenente-coronel Luiz Gustavo Teixeira foi um “acerto de contas”. Torquato discorda da versão oficial de que o militar foi morto em tentativa de assalto, história referendada ao ministro pelo próprio governador do Rio Luiz Fernando Pezão.
“Ninguém assalta dando dezenas de tiros em cima de um coronel à paisana, num carro descaracterizado. O motorista era um sargento da confiança dele”, diz o ministro.
Torquato Jardim não amenizou nas críticas a Pezão e deu a entender que a violência no Rio continuará em 2018 mesmo com a ajuda de tropas federais.
“A virada da curva ficará para 2019, com outro presidente e outro governador. Com o atual governo do Rio não será possível”, disse.
O ministro ainda afirmou que ele mesmo, bem como o ministro da defesa Raul Jungmann e o chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência Sérgio Etchegoyen já tiveram “conversas duríssimas com o secretário de Segurança do Estado (Roberto Sá) e com governador (Pezão)”. E constata: “Não tem comando”.
Em entrevista nesta segunda (30) à Jovem Pan, Pezão disse que não adiantaria prender chefes do tráfico, como Rogério 157. “Não é a solução. Estamos com todos os maiores chefes do tráfico de complexos presos. Todos transferidos e em presídios federais. Mais de 60 chefes do tráfico transferidos. Isso se repõe rapidamente. Outro dia era o Nem [da Rocinha]”.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.