Condomínio em Itaipava, na região serrana do Rio, é a nova ‘prisão’ de Cerveró

  • Por Estadão Conteúdo
  • 18/07/2016 11h52
Depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) Mista da Petrobras do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró (José Cruz/Agência Braisl) José Cruz/Agência Brasil Nestor Cerveró

Há três semanas em regime de prisão domiciliar e com uso de tornozeleira eletrônica, o ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, conseguiu reduzir sua pena total de 17 anos e três meses de prisão, em duas condenações na Lava Jato por corrupção, lavagem de dinheiro e crime financeiro, para 4 anos de reclusão.

Cerveró ficou um ano e cinco meses, de 14 de janeiro de 2015 a 23 de junho deste ano em cadeias do Paraná, amargando períodos na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, e no Complexo Médico-Penal, em Pinhais, na região metropolitana da capital paranaense. O cárcere agora é sua residência em Itaipava, distrito de Petrópolis, cidade na região serrana do Rio, a 90 km da capital fluminense.

Cerveró, que faz 65 anos em agosto, mora com a mulher e a filha. A casa, dentro de um condomínio, só pode ser visitada por parentes autorizados pela Justiça. Foi o único imóvel que lhe restou de um patrimônio avaliado em cerca de R$ 100 milhões e bloqueado pela Justiça. 

Na passada sexta-feira (15), a reportagem esteve no local e falou brevemente com o ex-diretor pelo interfone instalado na fachada, “eu não falo com a imprensa, de jeito nenhum. Nunca dei entrevista nesses dois anos e meio que eu estou… você está perdendo seu tempo”, limitou-se a dizer.

Segundo funcionários do condomínio, antes de ser envolvido na Lava Jato, Cerveró tinha o hábito de caminhar pela área de uso comum. Desde que foi preso, ele só voltou a ser visto em Itaipava no Natal e Ano Novo. Na ocasião, ganhou o benefício do Supremo Tribunal Federal (STF) de passar em casa a última semana de dezembro, após homologação de seu acordo de delação premiada.

Desde que voltou ao local, em 24 de junho último, o executivo manteve-se dentro dos limites da residência, conforme relatos. À exceção da quinta-feira passada, quando a reportagem esteve lá pela primeira vez, “não sei se eles viajaram, só sei que não tem ninguém aqui”, disse um dos empregados da portaria. 

Pelo acordo feito com o STF, Cerveró só pode deixar o domicílio para consultas médicas ou para prestar esclarecimentos à Justiça, sempre sob escolta.

Graças à delação, Cerveró tem pela frente um ano e meio em regime domiciliar fechado, um ano em domiciliar semiaberto, mas com direito de sair para trabalhar, e um ano em domiciliar aberto, sem tornozeleira, mas monitorado, além de prestação de serviços comunitários.

Vizinhança

O dono da UTC, Ricardo Pessoa, também cumpre pena domiciliar após condenação na Lava Jato, em um edifício de luxo, no bairro Jardins, na zona sul de São Paulo. Outro delator que também mora em prédio com o mesmo alto padrão na zona sul paulistana, no bairro Vila Nova Conceição, é o presidente afastado da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, sempre cercado de seguranças.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.