Conselho de Administração da JBS rejeita pedido do BNDES e defende Wesley Batista na presidência
O Conselho de Administração da JBS afirmou nesta segunda-feira (28) que os pedidos do BNDES para que a empresa retirasse Wesley Batista do cargo de presidente-executivo, e a contratação de uma auditoria externa para apurar o que foi narrado em delações premiadas dele e de Joesley Batista seriam prejudiciais para o grupo.
Em meados de agosto, o banco havia dito que defenderia, em assembleia de acionistas da JBS, no dia 1º de setembro, a abertura de um processo de responsabilidades contra Joesley e Wesley e outros ex-executivos da empresa por “prejuízos causados à companhia”. O banco queria que o processo fosse aberto em 90 dias a partir da realização da assembleia e que fosse contratada auditoria externa independente para a apuração dos valores dos danos causados pelos crimes confessados pelos executivos.
Nesta segunda, o comunicado foi bem recebido por investidores. Nesta manhã, as ações da empresa lideravam as altas da Ibovespa.
O BNDES é o segundo maior acionista da JBS, atrás apenas da família Batista. O banco é dono de 21% da empresa, enquanto os Batistas possuem 42% do capital da companhia. O restante fica nas mãos de acionistas minoritários.
“Há razões concretas que permitem crer que o impedimento do senhor [Wesley] Batista, consequência da ação de responsabilidade contra ele, seria neste momento prematuro e, portanto, prejudicial à companhia”, diz o comunicado da JBS. A empresa ressaltou ainda que não existem “elementos objetivos fundados em estudos e avaliações profissionais capazes de imputar ao senhor Wesley Batista a autoria de dano à companhia”.
Entre os pontos comunicados aos acionistas e mercado em geral, a JBS afirma, em comunicado, que medidas estão sendo adotadas pela Administração, à luz dos desdobramentos dos fatos relacionados ao Acordo de Colaboração Premiada com o Ministério Público Federal celebrado por executivos e administradores da Companhia, com o objetivo de assegurar a adoção das melhores práticas de governança corporativa, compliance e a proteção dos interesses da Companhia, e a apuração de eventuais prejuízos que tenham sido causados à Companhia.
As medidas são:
- Eleição de Tarek Farahat como Presidente do seu Conselho de Administração, em substituição a Joesley Batista.
- Eleição de Gilberto Xandó como novo membro para o Conselho de Administração, a ser ratificada pelos acionistas da Companhia na AGE, em substituição a Joesley Batista, que renunciou à sua posição de membro do seu Conselho de Administração e dos Comitês nos quais participava.
- Criação de uma Diretoria Global de Compliance, o qual responderá diretamente para o Conselho de Administração da Companhia.
- Contratação do escritório White & Case LLP para apoiar a condução e supervisão do desenvolvimento e implementação de um programa de compliance.
- Criação de um Comitê de Governança, liderado e presidido pelo Presidente do Conselho de Administração da Companhia.
- Mudança na linha de reporte da área de Risk Management da Companhia.
- Autorização para contratação de empresa de consultoria, especializada e independente, para avaliação dos trabalhos e controles da área de Risk Management da Companhia.
- Apresentação de programa de desinvestimentos de ativos da Companhia (“Programa de Desinvestimentos”), com o qual se estima uma entrada de recursos de aproximadamente R$6 bilhões.
- Definição de novas composições para o Comitê de Auditoria, Comitê de Sustentabilidade, Comitê Financeiro e de Gestão de Riscos e Comitê de Partes Relacionadas.
- Celebração do Acordo de Estabilização entre a Companhia e aos bancos comerciais que viabilizará o alongamento da dívida da Companhia com bancos no Brasil
- Criação do Comitê Executivo de assessoramento para o Conselho de Administração e Diretoria.
- Aprovação do Plano de Trabalho do Programa de Compliance “Faça Sempre a Coisa Certa”.
- Nomeação de Alfred “Al” Almanza como Diretor Global de Segurança Alimentar e Garantia da Qualidade.
- No contexto da celebração do Acordo de Leniência entre a J&F Investimentos S.A. (“J&F”) e o Ministério Público Federal, em 5 de junho de 2017, obtenção de orientação jurídica junto a seus assessores legais, quanto às medidas cabíveis para possibilitar o acesso antecipado pela Companhia aos termos e condições do Acordo de Leniência.
Procurada pela Jovem Pan, a assessoria de imprensa do BNDES afirmou que não está se manifestando sobre o assunto e que já divulgou seu voto sobre o que irá defender na assembleia.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.