Conselho de Ética convida André Vargas a prestar depoimento
O deputado André Vargas (sem partido – PR) foi convidado a depor no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados no dia 29 de julho, fim do prazo para oitivas no processo que apura quebra decoro pelo parlamentar.
Na sessão de hoje (15), o colegiado ouviu o prefeito da cidade paranaense de Apucarana, Carlos Alberto Preto (PT) conhecido como Beto Preto, indicado por Vargas como testemunha.
O processo foi aberto depois que investigação da Operação Lava Jato apontou ligação entre Vargas e o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal (PF). Conversas obtidas pela PF indicam que Vargas intercedeu em favor de uma das empresas de Youssef, o laboratório Labogen, em contratos com o Ministério da Saúde.
Além disso, a operação constatou que Vargas usou um avião fretado por Youssef para fazer uma viagem a João Pessoa com a família, fato depois confirmado pelo deputado.
No depoimento, o prefeito disse que conhece Vargas há pelo menos 20 anos, e que o deputado tem uma “vida linear”. Beto Preto negou conhecer o Youssef pessoalmente. Apesar de ter sido diretor do Ministério da Saúde, a testemunha disse que não conhece a empresa Labogen, de propriedade de Youssef.
Para o relator do processo de Vargas no Conselho de Ética, Júlio Delgado (PSB-MG), o depoimento de hoje pouco acrescentou ao caso. “Uma testemunha que não tem nada a ver com os fatos arrolados, não está no processo, não está na instrução, não foi citado em momento nenhum, é prefeito do Partido dos Trabalhadores que apoiou o deputado André Vargas. Ele pouco teve a elucidar e parece que essa vai ser a tendência das testemunhas arroladas pela defesa”, avaliou.
O conselho tem até o dia 29 de julho para as oitivas, depois o relator tem dez dias úteis para apresentar o voto e até 90 dias para encerrar o processo. “Acredito que na semana do esforço concentrado de agosto devo entregar ao Conselho de Ética o nosso voto”, disse Delgado. A defesa de Vargas tentou esticar o prazo para encerramento das oitivas, mas Delgado se mostrou irredutível.
Faltam ser ouvidas seis testemunhas de defesa, uma delas, o empresário Roberto Vezozzo, que vai responder por carta às perguntas do conselho, que serão enviadas até a próxima sexta-feira (18). Ele havia dito que poderia se apresentar depois da Copa do Mundo, mas, terminado o Mundial, apresentou atestado médico e pediu para se pronunciar por carta.
Algumas testemunhas já foram convidadas até quatro vezes para a oitiva, mas todas faltaram às audiências. Entre os convidados da acusação, já foram ouvidos o deputado Cândido Vacarezza (PT-SP), dois empresários da Labogen e o dono do jatinho usado por Vargas, o empresário Bernardo Tosto. O doleiro Yousseff, arrolado como testemunha do relator e da defesa, já demonstrou que não pretende se apresentar ao conselho.
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