Conselho indígena diz que policiais deixaram aldeia no Amapá por ‘difícil acesso’

Sergio Moro diz que “morte será devida e completamente apurada pela PF”

  • Por Jovem Pan
  • 29/07/2019 17h29
Rede Amazônica/Reprodução Delegado falou que vai estudar a região ao redor da aldeia através de imagens de satélite

O Conselho das Aldeias Wajãpi (Apina) declarou, na tarde desta segunda-feira (29), que as equipes policiais mobilizadas para ir até a aldeia Yvytotõ, onde foi morto o cacique Emyra Wajãpi, por supostos conflitos com garimpeiros, deixou a região e voltou à capital do Amapá, Macapá, por “difícil acesso”.

Após reunião com representantes da Funai, do Apina, das aldeias da região do Aramirã e da Prefeitura de Pedra Branca do Amapari, cidade próxima à aldeia, eles informaram que “não teriam condições de permanecer lá e dar continuidade às buscas pelas dificuldades de deslocamento e alimentação” na região.

“Na reunião, o delegado falou que vai estudar a região ao redor da aldeia através de imagens de satélite, para verificar se tem sinais de garimpos dentro da terra indígena Wajãpi. Se as imagens mostrarem sinais, vão fazer sobrevoos para verificar”, disse a nota da Apina.

Segundo o conselho, as “famílias da região estão com muito medo de sair para as roças ou para caçar”. “Algumas comunidades saíram de suas aldeias para se juntar com famílias de outras aldeias para se sentirem mais seguras.” Além disso, afirmou que os indígenas da reunião estão organizados para procurar os invasores, acusados de esfaquear o cacique.

Sergio Moro diz que ‘morte será devida e completamente apurada’

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, afirmou nesta segunda-feira (29) que serão apuradas pela Polícia Federal “as circunstâncias da morte” do líder indígena, assassinado no início da semana passada. Segundo ele, a informação é “que a situação está controlada”.

A Polícia Federal e o Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) da Polícia Militar foram ao local neste domingo (28). A PF abriu um inquérito para investigar o assassinato e a invasão de garimpeiros na região. Segundo a Funai, um grupo de 50 deles estava na aldeia desde sexta-feira (26).

Entenda o caso

Segundo o Conselho das Aldeias Waiãpi (Apina), garimpeiros invadiram a terra indígena e atacaram ao menos uma aldeia, a Yvytotõ, na semana passada. O chefe da aldeia Wajãpi, Emyra Waiãpi, foi morto na tarde de segunda-feira (22). De acordo com o conselho, entretanto, a morte não foi testemunhada por indígenas e só foi percebida na manhã de terça-feira (23).

Ainda de acordo com o conselho, grupos de Waiãpi encontraram não índios armados entre sexta-feira (26) e sábado (27), quando a aldeia Yvytotõ foi invadida e tiros foram ouvidos próximos à aldeia Jakare. O conselho comunicou a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Ministério Público Federal (MPF) na sexta-feira.

Na tarde de sábado, policiais federais e do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) da Polícia Militar do Amapá foram acionados e se deslocaram para a região a fim de apurar as denúncias. A Polícia Federal (PF) abriu um inquérito para investigar a morte do cacique.

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