Cooperativa relata propina a ex-secretário de Educação de SP

  • Por Agência Estado
  • 30/01/2016 11h23
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São Paulo - O secretário da Educação de São Paulo, Herman Voorwald, deixa o cargo após suspensão da reorganização escolar. Na foto, o secretário em evento de 08/05/2013 (Marcelo Camargo/Arquivo Agência Brasil) Marcelo Camargo/Agência Brasil Herman Voorwald (Agência Brasil)

O executivo Cássio Chebabi, alvo da Operação Alba Branca – investigação sobre fraudes na merenda escolar -, declarou à polícia que o lobista Marcel Ferreira Júlio lhe contou que o ex-secretário estadual da Educação (gestão Geraldo Alckmin, do PSDB) Herman Voorwald “recebeu R$ 100 mil” para não contratar a Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf) e manter negócio com uma antiga fornecedora da pasta.

A Coaf é apontada como centro do esquema de venda superfaturada de produtos agrícolas e suco de laranja destinados à merenda. Ao menos 22 prefeituras e contratos da Secretaria da Educação estão sob investigação.

Chebabi diz que um vendedor da Coaf, César Bertholino, também lhe disse sobre a suposta propina ao ex-secretário. Voorwald caiu do comando da Educação em dezembro, em meio ao projeto de reorganização escolar que provocou protestos de estudantes. Ele voltou a dar aulas de na Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, no Vale do Paraíba, onde reside. Voorwald desafia os acusadores a provar o que dizem.

Chebabi é presidente da Coaf. Ele depôs no dia 21, 48 horas depois que a Alba Branca foi deflagrada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público estadual em Bebedouro. Em seu relato, ao mencionar Voorwald, Chebabi faz menção ao presidente da União dos Vereadores do Estado de São Paulo, Sebastião Misiara – outros investigados disseram que Misiara seria uma espécie de “intermediador” da Coaf, abrindo espaço para a cooperativa em prefeituras e no Estado. Misiara nega exercer tal papel.

“No final de 2013, Sebastião Misiara intermediou junto à Secretaria de Educação do governo do Estado de São Paulo a contratação da Coaf para fornecimento de suco de laranja no valor de R$ 8 milhões e, muito embora tenha sido feito empenho pelo governo federal naquele valor, justamente pela falta de acerto de propina o pagamento não foi realizado nem o produto fornecido”, disse Chebabi.

Segundo ele, a Coaf acabou arcando com um estoque superior a R$ 50 mil mensais do produto “que já estavam produzindo para tal finalidade”. “Isso porque a empresa que fornecia anteriormente à Secretaria de Estado da Educação, ou seja, há mais de 20 anos, chamada Citro Cardilli, já tinha acerto com aquele ente público, de sorte que seus vendedores César (Bertholino) e o lobista Marcel disseram que a mesma pagou R$ 100 mil para o então secretário de Educação Herman não assinar o contrato com a Coaf e realizar novo procedimento para contratação desta empresa, o que de fato se deu”, relatou Chebabi.

Investigação 

Marcel é filho do ex-deputado Leonel Júlio, do antigo MDB, cassado em 1976 no “escândalo das calcinhas” – o então presidente da Assembleia paulista fizera uma compra alentada de peças de lingerie em viagem ao exterior e teve seus direitos políticos retirados.

Segundo a Alba Branca, Marcel agia em gestões municipais e autarquias. O lobista mantinha contatos na Assembleia Legislativa, cujo presidente, deputado Fernando Capez (PSDB), é citado como suposto beneficiário de propinas do esquema da merenda. Capez nega ligação com o esquema.

*As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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