Coordenadora das “10 Medidas” diz que “tudo foi jogado no lixo” e convoca população

Sergio Moro (dir.) e Gilmar Mendes durante sessão no Senado para discutir lei de abuso de autoridade

Manifestações em diversas cidades ao redor do Brasil marcam esse domingo (04), que ainda promete muita agitação pelas ruas em protesto contra o texto final do pacote de medidas contra a corrupção, aprovado em primeiro turno pela Câmara dos Deputados na madrugada do dia 30 de novembro.

Discutido e votado no mesmo dia da tragédia aérea que envolveu o time da Chapecoense, a aprovação do projeto anticorrupção era muito esperada, mas mudanças no texto e, principalmente a inclusão da lei de abuso de autoridade, decepcionou as pessoas envolvidas na arrecadação de assinaturas para a chegada do projeto no Congresso.

“[Essas mudanças] demonstram que o parlamento não está nem um pouco interessado em acabar com a corrupção”, diz a procuradora da República Thaméa Danelon Valiengo, coordenadora da campanha das 10 medidas em SP, em entrevista a rádio Jovem Pan. “A campanha ocorreu durante um ano e meio e a população sabia muito bem o que estava assinando, mas tudo foi jogado no lixo”.

Para Thaméa, a não ser a criminalização do caixa dois e o aumento da pena para corrupção, o texto final com todas suas mudanças deixou um sentimento de frustração. Não foram aprovados pontos chave como a criminalização do recurso ilícito e a responsabilização dos partidos políticos pelo ato de seus integrantes e, ainda de maior preocupação, “sem discussão alguma com a população, no meio do pacote entrou a lei de abuso de autoridade”.

Questionada sobre a discussão entre o ministro Gilmar Mendes e o juiz federal Sérgio Moro, na qual ambos expuseram suas opiniões diante do pacote anticorrupção, Thaméa defende Moro e critica fortemente a atitude do ministro do STF. “Gilmar deu o seu recado. Há alguns meses, ele usava o termo ‘cretino’ para qualificar os autores das medidas. Além de ter sido preconceituoso ao citar que as assinaturas foram coletadas no Viaduto do Chá, onde há muitos ambulantes”.

Para fechar, com esperança, ela coloca que esse momento está sendo importante para o País, “pois estamos descobrindo o real pensamento de nossos políticos. É muito importante que as pessoas vão às ruas nesse domingo”.