CPI convoca ministro da Justiça e empresários Júlio Camargo e Marcelo Odebrecht

  • Por Agência Câmara Notícias
  • 09/07/2015 13h05
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SÃO PAULO, SP, 07.03.2015: OPERAÇÃO-LAVA JATO - Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, concede coletiva de imprensa na tarde deste sábado (7) no escritório da presidência, para falar sobre os desdobramentos da Operação Lava Jato após a divulgação de lista de parlamentares suspeitos de envolvimento com o esquema de desvio de dinheiro da Petrobras. (Foto: Ernesto Rodrigues/Folhapress) Ernesto Rodrigues/Folhapress José Eduardo Cardozo dá entrevista coletiva em São Paulo comentando a Operação Lava Jato neste sábado

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras aprovou nesta quinta-feira (9) 73 requerimentos de convocação de depoentes, pedidos de informação a diversos órgãos e quebras de sigilos bancários, fiscais e telefônicos. Entre as convocações aprovadas estão as do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo e dos empresários Marcelo Odebrecht e Júlio Camargo, este último delator na Operação Lava Jato.

Cardozo será chamado para falar do caso das escutas clandestinas encontradas na cela do doleiro Alberto Youssef e na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR).

Também foram aprovadas as quebras dos sigilos bancários, fiscais e telefônicos de duas filhas, da mulher e da irmã do doleiro Alberto Youssef: as filhas Taminy Youssef e Kemelly Caroline Fujiwara Youssef; a mulher, Joana Darc Fernandes Youssef; e a irmã Olga Youssef.

As quebras de sigilo já tinham sido aprovadas em reunião anterior da CPI, mas foram suspensas em decisão liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal. Os advogados de Youssef argumentaram que a comissão não justificou devidamente a necessidade de quebra dos sigilos, votados em bloco com outros 136 requerimentos no dia 11 de junho.

Nas votações de hoje, para evitar novo revés judicial, a comissão votou os requerimentos de quebra de sigilo um a um. Os demais foram votados em bloco.

Pagamento de propina
Uma das convocações aprovadas hoje é a do empresário Júlio Camargo, ex-representante no Brasil de empresas que alugavam navios-plataforma à Petrobras, como a Toyo Setal, a Samsung e a Mitsui.

Ele fez acordo de colaboração com a Justiça e disse que houve pagamento de propina a diretores da Petrobras, intermediada por Fernando Soares, preso em Curitiba e apontado como operador do PMDB no esquema de desvio de dinheiro da estatal – o que ele e o partido negam.

A convocação de Camargo era cobrada desde o início da CPI pelo deputado Ivan Valente (Psol-SP). Segundo depoimento do doleiro Alberto Youssef, Júlio Camargo teria dito que foi pressionado a pagar propina a Soares em troca do contrato de aluguel de um navio-plataforma da Samsung à Petrobras.

Ainda de acordo com Youssef, o dinheiro teria sido entregue a Fernando Soares depois de pressionado por pedidos de informação sobre os contratos, apresentados pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Mas Camargo, em delação premiada, não confirmou a informação de Youssef, que é negada por Cunha, pelo PMDB e por Soares.

Blindagem
“A aprovação dos requerimentos de hoje mostra que não existe blindagem a ninguém na CPI”, disse o deputado Celso Pansera (PMDB-RJ). “Mas ainda falta aprovar o requerimento de convocação da ex-deputada Solange Almeida, que foi quem enviou oficialmente, a vários órgãos, os pedidos de informação que o Youssef atribui ao deputado Eduardo Cunha”, disse Valente.

Outro requerimento de convocação aprovado pela CPI foi o do policial Jaime de Oliveira, acusado de transportar dinheiro de propina a serviço do doleiro Alberto Youssef.

A CPI quer ouvir ainda a advogada Beatriz Catta Preta, que defende os delatores Pedro Barusco (ex-gerente da área de Serviços da Petrobras) e Paulo Roberto Costa (ex-diretor de Abastecimento).

Acareação
Também foram aprovados novos pedidos de acareação: entre Pedro Barusco, Shinko Nakandakari (operador de estaleiros) e Glauco Legati (funcionário da Petrobras); e entre Augusto Ribeiro de Mendonça Neto (executivo da Toyo Setal), Renato Duque (ex-diretor da Petrobras) e João Vaccari Neto (ex-tesoureiro do PT).

Os depoimentos aprovados hoje ainda não tem data marcada. Segundo o presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), o cronograma vai depender de definição a respeito do recesso de duas semanas do Congresso Nacional, previsto para começar no dia 17.

O Congresso só entra em recesso oficialmente depois da aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2016.

Próximos depoimentos
Enquanto não há a definição, estão marcados três depoimentos para a semana que vem. Na terça-feira (14) será ouvida a viúva do ex-deputado José Janene, Stael Fernanda Janene.

E, na quinta-feira (16), o advogado-geral da União (AGU), Luiz Inácio Adams; e o ministro Valdir Moysés Simão, da Controladoria Geral da União (CGU).

A viúva de José Janene foi convocada para falar do relacionamento do ex-deputado com o doleiro Alberto Youssef, que acusa Janene, morto em 2010, de ser o mentor do esquema de cobrança de propina na Petrobras.

Adams e Simão foram convocados para falar dos acordos de leniência feitos com empresas acusadas de desvio de dinheiro e pagamento de propina pela Operação Lava Jato.

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