CPI da Petrobras convocará filhos e sócio de ex-representante da SBM no Brasil
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras aprovou a convocação de três pessoas ligadas ao empresário Júlio Faerman, ex-representante no Brasil da empresa holandesa SBM Offshore – acusada de pagar propina a funcionários da Petrobras e partidos políticos.
A CPI quer ouvir os depoimentos dos filhos de Faerman, Marcello e Eline Faerman; e do sócio dele, Luiz Eduardo Barbosa. Os requerimentos de convocação foram apresentados pelos deputados Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e Júlio Delgado (PSB-MG) e foram votados na reunião desta tarde, apesar de não constarem da pauta da comissão – convocada para ouvir o depoimento do empresário Dalton dos Santos Avancini, diretor-presidente da construtora Camargo Corrêa.
“Vou abrir uma exceção para votar esses requerimentos hoje devido ao desrespeito de Júlio Faerman para com a CPI”, explicou o presidente da comissão, deputado Hugo Motta (PMDB-PB).
Faerman já havia sido convocado pela CPI, mas não foi localizado e não compareceu. Ontem, a importância de Faerman no esquema de desvio de dinheiro da Petrobras foi reforçada depois que deputados da CPI ouviram o advogado Jonathan Taylor em Londres. Taylor trabalhou na SBM durante nove anos e disse aos deputados que a empresa pode ter feito pagamentos de mais de 92 milhões de dólares em propina em troca de contratos com a estatal entre 2003 e 2011.
Ele chegou a esse valor com base nos 193 milhões de dólares que Faerman recebeu como comissão pelos contratos com a Petrobras nesse período. Segundo o advogado, Faerman recebeu 3% de comissão sobre os contratos, sendo que, desse total, 2% eram destinados ao pagamento de propina. Mas ele disse não saber quem recebia o suborno.
Faerman já havia sido apontado como intermediário de propina pelo ex-gerente de Tecnologia da Petrobras Pedro Barusco, em delação premiada.
O advogado Jonathan Taylor, segundo Onyx Lorenzoni, disse em Londres que o esquema operado por Faerman tinha a participação do filho e do sócio. Já Júlio Delgado defendeu a convocação da filha de Faerman, Eline, segundo ele, secretária do pai. “Como secretária, ela deve ter informações também”, disse.
Nova linha de investigação
“O depoimento de Taylor abre uma nova linha de investigação, mas temos também que ouvir os empresários da SBM que dizem que ele teria tentado extorqui-los”, disse o relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ).
A SBM está sendo investigada pelo Ministério Público da Holanda. Em seu depoimento à CPI em Londres, Taylor afirmou ainda que a Controladoria Geral da União (CGU) demorou a investigar as denúncias feitas por ele no ano passado em função do calendário eleitoral. “Temos que ouvir também as explicações da CGU”, completou o relator.
Hoje, o presidente da CPI enviou à Polícia Federal e à Interpol (polícia internacional) pedido de busca e prisão de Faerman no exterior.
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