CPI da Petrobras quer ouvir dono da empreiteira UTC nesta semana

  • Por Agência Câmara Notícias
  • 29/06/2015 13h07
SÃO PAULO, SP - 14.11.2014: OPERAÇÃO LAVA JATO - O empresário Ricardo Pessoa, presidente da construtora UTC, chega à sede da PF, em SP - A Polícia Federal cumpre nesta sexta-feira (14) mandados de prisão e de busca e apreensão durante Operação Lava Jato. As buscas são concentradas em 11 grandes empreiteiras. Os grupos investigados registraram, segundo dados do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), operações financeiras atípicas num montante que supera R$ 10 bilhões. (Foto: Zanone Fraissat/Folhapress) Zanone Fraissat/Folhapress O empresário Ricardo Pessoa

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras pediu ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), a quebra do sigilo do depoimento do empresário Ricardo Pessoa, da empreiteira UTC, para que ele possa prestar depoimento à comissão ainda nesta semana.

Pessoa teve o acordo de colaboração judicial homologado pelo STF e é apontado pelo Ministério Público Federal como o coordenador do cartel de empreiteiras que atuava na Petrobras.

A advogada do empresário, Carla Vanessa de Domenico, enviou à CPI um ofício em que pede a suspensão do depoimento dele à comissão, sob a alegação de que o acordo de colaboração o proíbe de falar sobre as acusações investigadas pela Polícia Federal na Operação Lava Jato.

“[Pessoa] está terminantemente proibido de se manifestar sobre qualquer tema objeto da colaboração em razão de cláusulas que impõem o sigilo das informações até que as autoridades judiciárias competentes decidam dar publicidade a estas, o que até o momento não ocorreu”, alegou a defesa do empresário.

Denúncias

Segundo informações publicadas pela revista Veja no último final de semana, em depoimentos no processo de delação premiada Pessoa teria mencionado 18 políticos beneficiários de recursos ilegais da UTC, dinheiro que teria sido usado em campanhas eleitorais de partidos do governo e da oposição.

Entre 2006 e 2014, as empresas do grupo comandado por Ricardo Pessoa assinaram contratos com a Petrobras no valor total de R$ 14,6 bilhões. Segundo outros dois delatores do esquema, Paulo Roberto Costa (ex-diretor de Abastecimento da Petrobras) e Alberto Youssef (doleiro), o dono da UTC coordenava as reuniões das empreiteiras que formavam o cartel.

As acusações contra Pessoa foram reforçadas por outros dois colaboradores. Júlio Camargo, executivo da empreiteira Toyo Setal, informou que o presidente da UTC o ajudou a pagar propina para garantir um contrato junto à estatal. Já Pedro Barusco, ex-gerente de serviços da Petrobras, disse que a UTC pagou propinas relativas a contratos no valor total de R$ 1,2 bilhão.

De acordo com o Ministério Público, a empresa pagou propina ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa por meio de duas empresas de fornecimento de tubos, conexões, mapeamento e estatísticas, a Sanko Sider e Sanko Serviços.

Pessoa foi denunciado por lavagem de dinheiro e corrupção, junto com outros dois executivos da empreiteira, João de Teive e Argollo e Sandra Raphael Guimarães. A Controladoria-Geral da União (CGU) abriu processo administrativo contra a UTC por formação de cartel.

A data do depoimento de Pessoa à CPI depende da resposta do ministro Teori Zavascki.

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