Crime e sensação de insegurança no Rio persistem com Exército nas ruas

  • Por Jovem Pan com Estadão Conteúdo
  • 05/08/2017 09h10
REGINALDO PIMENTA/RAW IMAGE/ESTADÃO CONTEÚDO Homens da Força Nacional, com auxílio de policial militar, fazem na quarta-feira (2) barreira para revistar veículos na Avenida Brasil, zona norte do Rio de Janeiro

Os criminosos não recuaram nem os índices de violência caíram significativamente na semana inicial da presença das Forças Armadas no Rio. Nos primeiros quatro dias de agosto (até 19 horas de ontem), o Rio havia registrado 55 tiroteios, segundo o aplicativo colaborativo Onde Tem Tiroteio (OTT-RJ). Foram 5 a mais que os registros do mesmo período da semana anterior, de terça a sexta. O governo estadual não divulgou dados oficiais de criminalidade.

Neste sábado (5) de manhã ocorre a Operação Onerat, ação integrada das Forças Armadas com as polícias estadual e federal no Rio de Janeiro. Mais de três mil homens das forças de segurança se mobilizam para cumprir 55 mandados (40 de prisão e 15 de busca e apreensão) no Complexo de Favelas do Lins e Camarista Méier, na zona norte da cidade, além de atuações nos Morros de São João e Covanca, em Jacarepaguá, zona oeste. O foco é e combater o roubo de cargas e o tráfico de drogas.

No primeiro fim de semana da operação Rio Quer Segurança e Paz, os hospitais estaduais receberam dez baleados. No anterior haviam sido 13, variação considerada dentro da média pela Secretaria Estadual de Saúde.

Em contraste, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que houve redução, no Estado, de roubos a carga, um dos crimes que mais cresceram nos últimos meses. De 1.º a 14 de julho – quando ainda não estava nas ruas a Operação Égide, ação preparatória para a vinda das forças ao Rio – houve 54 crimes. Já de 15 a 31 de julho foram 39, uma redução de 27,78% no número de casos. A ação militar começou na sexta-feira da semana passada, 28 de julho, quando as tropas foram para as ruas. Na quarta, os militares voltaram para os quartéis.

O Instituto de Segurança Pública (ISP), órgão especializado em estatísticas ligado à Secretaria de Segurança, informou que não divulga números semanais das ocorrências. O Comando Militar do Leste, que responde pelo Exército na região, afirmou que não divulgaria números. “Dizer, com uma semana (de operação), quando os índices cairão é uma previsão impossível”, afirmou o ministro da Defesa, Raul Jungmann, em entrevista ao Estado.

Ao longo da semana, os criminosos demonstraram desprezar a presença militar. Ontem, por exemplo, assaltantes atacaram um caminhão da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, no Engenho Novo, na zona norte do Rio. O veículo foi levado para o Morro São João, no mesmo bairro, onde as encomendas que transportava foram roubadas.

Anteontem, um policial militar que estava de folga foi baleado em assalto a uma agência bancária no bairro Jardim América, na zona norte. Outro agente foi morto a tiros em São Gonçalo, na região metropolitana, no sábado. O crime elevou para 92 o número de PMs mortos no Rio apenas neste ano. No ano passado, foram 78

Ao todo, 8,5 mil militares estão no Estado, além de 620 homens da Força Nacional de Segurança e 1.120 da Polícia Rodoviária Federal (PRF) – 740 desses já estavam no Rio. De sábado a terça-feira, os militares fizeram ações de reconhecimento das áreas do Rio e blitze.

Percepção

Um estudo do Laboratório de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV-DAPP) avaliou que, das 48,3 mil menções à violência no Twitter feitas nesta primeira semana de agosto, 32% vieram do Rio. Segundo a pesquisadora Maria Isabel Couto, o debate aumentou com a presença dos militares. “Vimos um posicionamento ambíguo nos comentários. Algumas pessoas agradecendo e considerando importante as Forças Armadas e outras criticando o que consideram o sinal de falência do Estado. Mas o caráter de lamento, de como o Rio é um lugar bonito mas tem uma segurança muito ruim, é frequente.”

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