‘Criminosos não representam todos os brasileiros’, diz italiano atacado no Rio

  • Por Estadão Conteúdo
  • 12/12/2016 19h08
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Raphael Alves/ TJAM Raphael Alves/ TJAM arma de fogo Manaus, 16/09/2015. TJAM encaminha 352 armas de fogo para destruição no 12º Batalhão de Suprimentos do Exército, no km 53 da AM-010. Foto: Raphael Alves

O italiano Rino Polato, de 59 anos, e a família de Roberto Bardella, de 52 anos, assassinado na tarde de quinta-feira (8), quando deixava o Cristo Redentor, escreveram uma carta de agradecimento ao povo brasileiro. “Roberto perdeu a vida e eu perdi, para sempre, a minha serenidade”, escreveu Polato, que voltou para Veneza na noite de sexta-feira (9).

No texto, ele agradece às centenas de mensagens de apoio e solidariedade. Segundo Polato, essas demonstrações são prova de que o crime “não pode ser tomado como responsabilidade de um povo ou de um país, mas apenas de um grupo de criminosos que não representam todos os brasileiros que, repito, sempre acolheram a mim e a Roberto de forma fraterna e amigável.

Desde o crime, dezenas de brasileiros deixaram mensagens no perfil do italiano – algumas em inglês, outras em português, mesmo. Nesta segunda-feira, 12, ele postou uma foto ao lado de Bardella em Foz do Iguaçu: “Obrigado a todos. Também às centenas de mensagens pelo Brasil. Um abraço, Rino”.

Polato e Bardella faziam um tour pela América do Sul de motocicleta. Eles já haviam passado pelo Paraguai e entraram no Brasil por Foz do Iguaçu. Eles seguiram até o Rio de Janeiro. Na quinta-feira, depois de visitar o Cristo, tentavam chegar à zona sul. Bardella, o guia da dupla, seguia na frente, orientando-se pelo GPS da moto, quando entrou num dos acessos ao Morro dos Prazeres. 

Quatro traficantes reagiram a tiros à aproximação dos dois homens. Bardella foi baleado na cabeça e no tórax. Ele morreu no local. Polato foi colocado em um carro e mantido sob a mira de armas por duas horas. Polato ajudou a polícia a identificar oito adultos e um adolescente que participaram do crime. A Justiça decretou a prisão temporária do grupo.

Abaixo, a íntegra da carta, escrita por Polato e por uma irmã de Bardella.

“Faz apenas quatro dias desde aquela tarde trágica quando, como um raio fulminante no céu, a vida de Roberto e a minha mudaram tão devastadoramente. Roberto perdeu a vida e eu perdi, para sempre, a minha serenidade.

Uma coisa, no entanto, faz com que sejam menos pesados esses dias tristes de dezembro: o grande carinho e imensa proximidade que estão mostrando os brasileiros e, acima de tudo, residentes italianos no Brasil, com centenas de mensagens carinhosas, estão nos apoiando e demonstrando a dor que sentem pelo que aconteceu.

As imagens do cartaz na praia, no Rio, e-mail, SMS e telefonemas estão vindo o tempo todo, provando que o que aconteceu não pode ser tomado como responsabilidade de um povo ou de um país, mas apenas de um grupo de criminosos que não representam todos os brasileiros que, repito, sempre acolheram a mim e a Roberto de forma fraterna e amigável”.

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