Crise partidária prejudica democracia, analisa secretário de imprensa de Tancredo
Ao longo desta semana a Jovem Pan transmitiu uma série especial em ocasião dos 30 anos da morte de Tancredo Neves, “Tancredo: o homem da transição”. Um dos entrevistados dos quatro capítulos foi o então secretário de imprensa Antonio Brito, que teve a tarefa de informar a morte do presidente no dia 21 de abril de 1985. No Jornal da Manhã desta sexta-feira (17), o repórter Thiago Uberreich voltou a conversar com o jornalista sobre o ex-presidente, democracia e a atual inquietude política do país.
Brito abriu a entrevista se dizendo comovido com a movimentação do povo, iniciativa que ficou adormecida por décadas. “Fico emocionado porque o que nós vemos hoje é uma situação onde a política não organiza nem convoca às ruas e se a política quiser ir para as ruas não será bem aceita”, e compara com o período de redemocratização do Brasil, “as ruas iam se manifestar com a política, pela política e abraçada aos políticos, isso dá um gosto que não é muito agradável”.
O ex-secretário ressaltou que o atual momento é de contradição. “De um lado, ele [o período] só acontece porque existe a democracia, mas, de outro, a democracia no Brasil se tornou forte vivendo o enfraquecimento dos partidos e das lideranças políticas, então acho que é um tema que precisamos refletir com muito cuidado, porque obviamente não podemos ter um quadro de democracia forte, como nós queremos, com partidos e o parlamento do jeito que estão hoje”, analisou.
Sobre a hipótese de impeachment, Brito evitou se posicionar, no entanto, afirmou que a única maneira de solucionar a crise é a com a reaproximação da atividade política e partidária do sentimento das ruas: “eu acho que o país só vai resolver os problemas da democracia, com a velha e boa insuperável frase, com mais democracia”.
Fazendo uma comparação no quadro político brasileiro, Antonio Brito fez ressalvas. “Olhando para 30 anos atrás nós somos muito melhores, tira a questão da segurança, tira a questão do aparelhamento do estado, somos melhores em praticamente tudo ainda que sejamos ruins em tanta coisa”, e acrescentou, “a gente anda de um jeito engraçado, as vezes de lado as vezes um pouco para trás, mas a gente acaba andando”.
Como secretário de imprensa do primeiro presidente civil depois do regime militar (1964-1985), Brito analisou o papel de Tancredo na história como um “atalho”. “O Brasil teria se tornado um país democrático sem o Dr. Tancredo, mas com ele o Brasil pode ser mais rapidamente, e com menores custos de toda ordem, democrático”, avaliou.
Ouça entrevista completa no áudio acima e acesse os quatro capítulos da série de reportagem “Tancredo: o homem da transição” em “Confira também”.
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