Cristovam Buarque critica novo pronunciamento de Temer: “passou uma certa arrogância”
O senador Cristovam Buarque (PPS-PE) criticou o teor do segundo pronunciamento do presidente Michel Temer, feito neste sábado (20), em que ele pediu a suspensão do inquérito que o investiga. Em entrevista à Jovem Pan, Cristovam aponta que Temer deveria ter feito um “gesto de modéstia” e, pelo menos, ter pedido desculpas aos brasileiros.
“Faltou ele deixar claro que não vai renunciar e, se sair, garantir que o Brasil vai continuar as reformas, a outra coisa é um gesto de modéstia, de pedir desculpas aos brasileiros por ter recebido aquele empresário. Admitir que foi um erro e que vai pedir a sua equipe para impedir que pessoas visitem sua residência de forma clandestina na calada da noite. Ele passou uma certa arrogância”, disse Cristovam.
Por outro lado, o senador afirma que Temer se saiu bem na estratégia que traçou para se esquivar das acusações: “eu creio que o presidente aproveitou bem a dúvida que surgiu em relação a um item das gravações, que é aquele que diria que ele era conivente em pagar um mensalão ao Cunha, dizendo que não é bem assim e que houve manipulação. Ele saiu bem também em lembrar que a economia está se recuperando e que o Brasil precisava dar continuidade a isso”, afirmou o senador.
Quanto a outra bomba que tomou conta do cenário político no Brasil nas últimas semanas, Cristovam Buarque negou que haja movimentação dos senadores para barrar o inquérito movido pelo STF que pede a cassação e a prisão do senador Aécio Neves (PSDB-MG). Segundo o senador, seus colegas têm apresentado maior preocupação com os rumos do Brasil como um todo.
“Falei com uns sete senadores e nenhum falou do Aécio. Nós falamos de Brasil, do Temer, falamos em blindar a economia com Temer ou sem Temer. Se alguém pensou nisso, não vai ter chance. O que a gente viu com o Aécio é mais grave que o de Delcídio, que votamos para permitir a prisão dele. Se alguém pensou nisso, dificilmente passará pelo Senado. O Fachin (Ministro do STF) fez algo que o Senado deveria ter feito quando tomou conhecimento das fitas”, afirmou.
Por fim, o senador tratou da PEC que pode alterar a Constituição e permitir eleições diretas numa possível saída do presidente Temer, com votação prevista para a próxima terça-feira na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Cristovam pondera que o processo eleitoral no turbulento momento político do país pode ser muito desgastante para a economia.
“No caso da legitimidade, claro que a eleição direta é positiva, mas do ponto de vista da continuidade do processo social e econômico é melhor respeitar a Constituição como está. Primeiro porque é uma mudança constitucional e isso é complicado. E que tempo a gente teria para organizar essa eleição, faltando quanto tempo para terminar o mandato do Presidente? Ou vamos querer que o Presidente que saísse dessa eleição direta ficasse até 2022? Eu acho que é complicar as coisas. Imagine uma eleição direta com esses candidatos que não representam uma renovação, um conflito de ideias por três meses entre Bolsonaro e Lula?”, apontou Cristovam.
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