Cunha afirma que Dilma mentiu à nação e que governo barganhou votos por CPMF

  • Por Jovem Pan
  • 03/12/2015 11h28
Brasília - O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, informou em entrevista coletiva que aceitou pedido de abertura de processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff (Valter Campanato/Agência Brasil) Valter Campanato/Agência Brasil Eduardo Cunha anunciou a aceitação do pedido de impeachment após petistas se posicionarem a favor de sua cassação no Conselho de Ética

Um dia após aceitar a procedência do pedido de impeachment da presidente Dilma, o presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) respondeu nesta quinta (03) à declaração pública de Dilma feita logo após a aceitação, e disse que “a presidente ontem mentiu à nação”.

A referência é à fala de Dilma, que garantiu que “jamais aceitaria ou concordaria com quaisquer tipos de barganha”. Segundo Cunha, membros do governo enviados pela própria Dilma foram até o deputado André Moura (PSC-SE)*, relator da Reforma Tributária na Câmara nesta quarta (02) oferecendo o apoio dos três deputados petistas no Conselho de Ética a Cunha se este ajudasse na aprovação da CPMF na Câmara. O encontro teria sido intermediado pelo ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, que o teria procurado pessoalmente para evitar a abertura do impeachment. O governo tenta recriar a CPMF para aumentar a arrecadação e corrigir as contas do governo, em medida considerada fundamental pelo Planalto a favor do ajuste fiscal.

A versão de membros governistas, no entanto, diz exatamente o contrário: que Cunha usava o pedido de impeachment para negociar o arquivamento do processo contra si no Conselho de Ética, que seria garantido com o apoio dos parlamentares do PT. 

“(Dilma) mentiu à nação quando disse que seu governo e ela não participava de barganha. Ontem, o deputado esteve com a presidenta da República, que quis vincular o apoio dos deputados do PT [para votarem a favor do arquivamento do processo contra Cunha no Conselho de Ética] à aprovação da CPMF”, afirmou Cunha.

“Barganha teve sim, proposta pelo governo, e eu me recusei a aceitar barganha”, disse o presidente da Câmara. “A presidente mentiu. Ela estava participando da negociação”, repetiu. Cunha garantiu ainda que “respeita o diálogo” e que só revelou isso “autorizado pelo deputado”. “Eu não quero nenhuma negociação, eu não participo de nenhuma negociação”, discursou.

“Jamais houve simpatia do PT comigo e nós vivemos em conflito constante”, reconheceu Cunha. “Eu prefiro, sempre preferi, que eu não tivesse os votos do PT no Conselho (de Ética), garantiu o peemedebista, em discordância com as notícias dos últimos dias.

O pedido

Cunha disse também que “apenas se ateve aos fatos” na aceitação do pedido. “Os fatos tipificados necessariamente não precisam ser os fatos de corrupção”, ressalvou o presidente Câmara. “A aceitação dos pedidos se deram pela tipificação dos decretos de 2015”, afirmou também, em referência às “pedaladas fiscais” de 2015, incluídas no novo pedido de impedimento impetrado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaina Paschoal.

Ressaltando a todo momento que “a presidente mentiu”, Cunha não falou muito sobre a acatação do pedido de impeachment. ele garantiu que seu papel é “constitucional” e “está restrito a esse papel”, no sentido de que apenas o presidente da Câmara dos Deputados pode apreciar os pedidos de impedimento.

Cunha afirmou novamente que a aceitação do pedido “não foi pessoal”. “A decisão é completa, factual, tem tipificação clara”, disse, colocando a responsabilidade na presidente de se defender. Cunha entende que a fala de Dilma “só mostra o desespero” de não conseguir responder ao mérito dos pedidos.

O presidente da Câmara afirmou ainda que “não tinha nenhuma felicidade em praticar o ato” (de acolhimento do pedido).

*informação corrigida às 12h

Com Agência Brasil

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