Cunha classifica corte orçamentário como “deslocamento de recursos” e critica programas do Governo

  • Por Jovem Pan
  • 15/09/2015 09h27
RJ 3º - Eduardo Cunha (PMDB) Valter Campanato/Agência Brasil RJ 3º - Eduardo Cunha (PMDB)

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, mostrou descrença sobre o anúncio de corte de 26 bilhões de reais anunciado na última segunda-feira (14). Em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã da Jovem Pan, Cunha destacou a demora do Governo para agir e reforçou que não vê a decisão como a melhor forma de proceder.

“Na prática, não é corte, é deslocamento de recursos programados por terceiros para que o governo os utilize”, ressaltou o peemedebista, ao explicar que a parcela de “corte de verdade” é de apenas 2 bilhões de despesas discricionárias do Governo.

Uma das principais vertentes do pacote de anúncios foi o retorno da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). Para Cunha, é um “imposto ruim” e dificilmente passará pelo Congresso.

“A CPMF atrapalha a cadeia produtiva, onera a produção e aumenta a inflação. Conseguir 308 votos na câmara para aprovar a CPMF é um desafio muito difícil para um governo que não tem vencido votações de maioria simples”, afirmou.

Outra questão que recebeu críticas de Eduardo Cunha foi o aumento de carga tributária para manter os programas como “Minha Casa, Minha Vida”. “Se o governo não consegue cumprir os seus programas, porque não tem arrecadação para isso, ele tem que rever ou diminuir os seus programas”, analisou.

O político foi além: “o governo deveria deixar a população optar se quer financiar (os programas) por aumento da carga tributária ou diminuir os programas. (Ao invés de) inventar imposto seria melhor cortar gastos provisoriamente”.

O presidente da Câmara chamou a atenção para o fato de que o ajuste é necessário, já que o Governo tem que equilibrar despesas e recuperar credibilidade. No entanto, segundo ele, “tem que fazer corte de verdade”.

Impeachment

Cunha fez questão de reforçar que a insatisfação com os cortes anunciados não devem ser confundidos com os pedidos de saída da presidente Dilma Rousseff. De acordo com ele, “pedidos serão tratados de forma técnica e jurídica, não podemos misturar incapacidade de dar conta da governabilidade com condições constitucionais que possam gerar o impedimento”.

Situação do PMDB

Cunha reforçou que haverá congresso do PMDB em 15 de novembro e, segundo ele, “a chance real [do partido] sair da base do Governo é grande”. Mesmo com a data ainda distante, o presidente da Câmara afirmou: “acho pouco provável que a situação melhore”.

 

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