Cunha diz que presidente do Conselho de Ética cometeu “manobra espúria”

  • Por Estadão Conteúdo
  • 07/06/2016 16h44
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Brasília - O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, sai de casa após operação de busca e apreensão em sua residência (Marcelo Camargo / Agência Brasil) Marcelo Camargo/Agência Brasil Eduardo Cunha

O presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou que o presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PR-BA), cometeu uma “manobra espúria” ao encerrar a sessão do colegiado desta terça-feira, na qual seria votado o parecer pela cassação do peemedebista.

“A falta de ética do presidente do Conselho de Ética fez com que ele encerrasse a sessão de hoje, em mais uma das suas manobras, de forma abrupta, antirregimental e autoritária”, disse Cunha em nota. “Na sua falta de convicção de alcançar o resultado que desejava, optou pela manobra espúria de encerrar a sessão, sem amparo no Regimento”, acrescentou.

O presidente afastado da Câmara acusou Araújo de realizar as mesmas manobras de “forma abusiva”, “se travestindo de falso moralista em busca da Justiça que, até o momento, ainda não alcançou”. “Da mesma forma que ele mente de forma contumaz, me atribuindo manobras inexistentes, quando busco recursos legais visando rever suas manobras, ele as pratica de forma abusiva”, diz o peemedebista.

Nesta tarde, Araújo encerrou a sessão do conselho sem votar o parecer pela cassação do mandato de Cunha, por temer que o relatório fosse rejeitado. Uma nova tentativa de votação do parecer, de autoria do deputado Marcos Rogério (DEM-RO), foi marcada para esta quarta-feira, 8.

Araújo anunciou o encerramento dos trabalhos após Marcos Rogério pedir tempo ao presidente do conselho para “analisar” proposta feita por aliados de Cunha, para que ele retire de seu relatório a acusação sob recebimento de vantagem indevida, delimitando a acusação a Cunha ao fato de o peemedebista ter mentido que não possuía contas secretas no exterior. O pedido foi feito pelo João Carlos Bacelar (PR-BA). 

Marcos Rogério fez o pedido a Araújo em uma manobra regimental, para evitar que seu relatório fosse rejeitado. Isso porque a deputada Tia Eron (PRB-BA), cujo voto é considerado decisivo para aprovar a perda de mandato de Cunha, não estava presente para votar, o que abriria espaço para um suplente aliado do peemedebista votar no lugar dela.

Sem o voto de Tia Eron, o placar previsto no momento é de 9 votos pela cassação e 10 contra. Caso a deputada baiana decida empatar o placar, caberá ao presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PR-BA), dar o voto de minerva. O deputado deve votar pela perda de mandato de Cunha. Caso ela vote contra, a cassação será rejeitada por 11 votos a 9.

Com o pedido, Marcos Rogério e opositores de Cunha ganham tempo para tentar convencer Tia Eron a votar a favor da cassação de Cunha. Opositores do peemedebista acusam o governo Michel Temer de estar influenciando diretamente a deputada baiana, cujo partido possui cargos no governo, a votar a favor de Cunha.

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