Cunha: em troca da cabeça de Dilma, eles querem levar a minha

  • Por Jovem Pan
  • 12/09/2016 10h19
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Brasília- DF 19-05-2016 deputado, Eduardo Cunha durante depoimento no conselho de ética. Foto Lula Marques/Agência PT Lula Marques/Agência PT Eduardo Cunha - Ag. PT

Depois de exatos 336 dias o caso do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) deverá ser julgado nesta segunda-feira, 12, pelo plenário da Câmara.

Em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã, Cunha voltou a afirmar que está vivendo um processo político. “Querem buscar vingança da situação do impeachment. O PT quer seu troféu para solidificar o discurso do golpe” afirma. ”Eles querem a troca por ter levado a cabeça da Dilma, querem levar a minha cabeça.”

Segundo o deputado, sua defesa no plenário desta segunda contará com duas frentes. Primeiro, seu advogado falará sobre a defesa técnica e, então, Cunha abordará o lado que ele enxerga ser político do julgamento. “Eu estou sendo julgado por supostamente ter mentido a uma CPI da Petrobras, onde compareci espontaneamente”, explica.  “No conjunto de perguntas, me fizeram uma se eu tinha conta no exterior e eu disse que todas minhas contas estão declaradas.” 

Cunha alega que não é dono de uma conta não declarada no exterior, mas sim é usufrutuário de um trust, uma entidade jurídica que administra bens que estão no exterior. “Essa é  uma discussão complexa, que depois foi palco dessa denúncia que está no STF”, diz. 

Apesar de tudo, Cunha não enxerga ter sido um erro comparecer na CPI da Petrobras. “Eu não menti na CPI, eu não me arrependo do que fiz”,afirma. “Pegaram uma desculpa, pegariam outra de qualquer natureza.”

Na visão de Cunha, não há motivos para se julgar duas coisas ao mesmo tempo. “No final, se eu for condenado no processo (no STF), eu já perderia o mandato”, explica. Para ele, a Câmara não poderia fazer um julgamento sob algo que ainda está sendo apreciado pelo. “Não há que se falar que eu possa ser culpado por algo que está sob judice. O Supremo é que vai definir se eu sou ou não titular dessa conta”, completa

Manobras

Já na lista de um dos processos mais longos da história da Câmara, o julgamento de Cunha contou com muitas “idas e vindas”. Mais uma vez, o deputado se defende: “se o processo foi longo, não foi por culpa minha.”

O problema, para Eduardo Cunha, é que cada intervenção era considerado  manobra. “Cada vez que eu queria falar, falavam que era manobra; Faziam votação que não tem pedido, era manobra; se coincide isso com o recesso e atrasa dois meses, é manobra”, diz. “Esse processo foi desigual, feito para tentar obter o apoio da mídia.”

Delação premiada

Questionado se faria uma delação premiada caso seja condenado, Cunha negou essa possibilidade. “Só faz delação premiada quem cometeu crime”, afirmou. “Eu não cometi crime, não tenho crime a confessar. Efetivamente, isso não está na minha agenda.”

O presidente afastado da Câmara ainda comentou que não se sente abandonado pelo Planalto nesse momento. “Isso não é papel do palácio. Se meter ou não em um processo interno da casa”, disse.

Cunha reclama, no entanto, que acaba vendo interferências de outras esferas.  “A mídia quer colocar a opinião pública contra mim”, afirma.  Segundo ele, desde o início do processo são veiculadas somente as acusações em relação ao seu caso. “Eu havia gravado uma entrevista para um programa e quando foi anunciado, a TV Globo fez a mesma matéria no Fantástico, mas nunca me escutam”, afirma. “Meia hora antes eles mandam um e-mail pedindo um comentário. Não têm a capacidade de dar um tempo mínimo.”

Confira a entrevista completa:

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