Cunha vai pedir que CCJ anule votação em que Conselho de Ética aprovou cassação
A dois dias do fim do prazo para entrar com recurso a fim de tentar reverter o resultado da votação do Conselho de Ética que aprovou sua cassação, o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), antecipou argumentos que deve apresentar à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Cunha vai pedir a anulação do processo alegando que a votação nominal foi “estranha” e terá que ser refeita e que o relator Marcos Rogério (DEM-RO) não poderia continuar no cargo desde que deixou o PDT, que seria o detentor da vaga.
As declarações de Cunha foram dadas em uma entrevista coletiva marcada pelo próprio deputado no Hotel Nacional, em Brasília, e suscitaram reações imediatas na Câmara. Poucos minutos depois da entrevista, o relator do processo e o presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PR-BA), rebateram as acusações.
“A vaga que ocupei desde o início do processo continua sendo do PDT. Não há qualquer impedimento sobre minha posição no conselho, ou como relator”, disse Rogério, lembrando que sua antiga legenda não reivindicou a vaga quando houve a migração com a janela partidária. Atualmente no DEM, Rogério disse que, a cada dia, Cunha perde força na Casa e que o recurso não deve prosperar na CCJ.
“Estamos diante de um personagem da política muito habilidoso e preparado com as palavras, mas não vejo qualquer possibilidade de avanço do recurso. Tivemos todo o cuidado para preservar o processo”, afirmou o relator.
Araújo nega manobra
Outro alvo das acusações de Cunha é Araújo. Além de afirmar que o presidente do Conselho de Ética errava “propositalmente”, que adotou manobras como o adiamento do primeiro dia previsto para a votação do parecer, quando percebeu a possibilidade de o relatório ser rejeitado, e que tinha interesse em postergar o processo até 2018.
José Carlos Araújo afirmou que, se houve manobra, foi feita dentro do que permite a lei. Foi Cunha quem adotou manobras protelatórias, disse Araújo.
Ao rebater a afirmação de Cunha de que Jaques Wagner, então ministro da Casa Civil no governo Dilma Rousseff, ofereceu apoio do PT no colegiado, colocando à disposição, inclusive, o “controle” sobre o presidente do conselho, José Carlos Araújo afirmou que não pode controlar o que dizem Jaques Wagner e Cunha, mas garantiu que não existe tal controle.
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