Delação de advogado entra em investigação de propina a Temer

  • Por Jovem Pan
  • 21/05/2018 15h16 - Atualizado em 21/05/2018 21h55
EFE/Fernando Bizerra Jr Presidente Michel Temer e núcleo político a ele relacionado são alvos da Polícia Federal e do MPF

O depoimento dado em delação premiada pelo advogado Flávio Calazans de Freitas, cujo escritório de advocacia teria usado para lavar dinheiro de propina ao MDB, de acordo com o próprio Calazans, foi incluído no inquérito do decreto dos portos, que atinge o presidente Michel Temer, informa o blog de Andréia Sadi.

As informações foram acrescentadas ao inquérito dos Portos a pedido do Ministério Público Federal.

O advogado recebeu dez pagamentos mensais de R$ 37.500 entre junho de 2014 e março de 2015, totalizando R$ 375 mil, da Pérola, uma empresa do grupo Rodrimar.

A Rodrimar é acusada de pagar propina ao presidente da República pela edição do decreto dos portos, que estendeu a concessão de exploração do Porto de Santos de 25 para 35 anos, podendo ser ampliado por 70 anos.

Temer nega irregularidades e diz que a Rodrimar não foi favorecida pelo decreto, assinado em maio de 2017.

O dinheiro da propina enviado a Calazans seria repassado a empresas de fachada, como Link Projetos e a AP Energy, e, depois, a políticos do MDB.

Os repasses seriam controlados por Milton Lyra, apontado como operador de propina do MDB por delatores da Lava Jato, como José Antunes Sobrinho, executivo da Engevix, e o ex-diretor do grupo Hypermarcas, Nelson Mello.

Lyra foi preso em abril e solto em maio pelo ministro do STF Gilmar Mendes.

“Existia uma conta-corrente de operações entre ele e Victor Colavitti (da Link) e Rodrigo Britto (da AP Energy), sendo que o dinheiro que entrava na conta do escritório saía, imediatamente, ou alguns dias após, para contas indicadas por Rodrigo e Victor”, disse Calazans na delação, segundo o blog.

“Afirma que 90% das operações realizadas por Victor e Rodrigo eram operações para Milton Lyra, sendo que precisavam ‘gerar caixa’ e, por isso, o dinheiro entrava na conta do escritório e 97% a 95% era devolvido às contas por eles indicadas”, afirmou o advogado aos investigadores.

Segundo o delator, haveria um grupo de empresas do setor marítimo e de portos que recebeu solicitações de Rodrigo Britto para realizarem operações financeiras. Calazans disse ter se reunido em São Paulo com Britto em meados de 2014 para acertar os contratos fictícios.

Rocha Loures, ex-assessor especial de Temer, que chegou a ser preso preventivamente, teria feito a intermediação das negociações do Planalto com a Rodrimar.

Em 2016, a Pérola afirmou à revista Época que foi contratada para serviços de consultoria e advocacia perante órgãos públicos, como a Secretaria de Portos da Presidência e a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), áreas de influência do PMDB.

Nota de defesa

Em nota divulgada por sua assessoria, Milton Lyra esclarece que nunca fez ou mandou fazer qualquer depósito em favor do escritório de Flávio Calazans. O empresário afirma também que não conhece as empresas Pérola ou Rodrimar, nem seus donos. Que o relato do delator (ou a ele atribuído) é mentiroso — e que jamais tratou das tramas noticiadas com Calazans ou com qualquer outra pessoa.

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