Delator aponta reuniões sobre repasses de propina da Odebrecht a ‘Mineirinho’, que seria Aécio
No depoimento em que citou o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), o ex-gerente de Recursos Humanos da Odebrecht Ênio Augusto Pereira e Silva, um dos delatores da Operação Lava Jato, contou a Polícia Federal que um executivo da empresa se reuniu com o ex-diretor de Furnas Dimas Toledo “para tratar de pagamentos” para “Mineirinho”.
O encontro com Dimas teria tido a participação do ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura Henrique Valladares. Segundo outros delatores, “mineirinho” é o apelido de Aécio. Ênio revelou em inquérito que mais de R$ 30 milhões teriam sido repassados para o tucano – R$ 28,2 milhões em dinheiro, entregue em sala comercial no Rio de Janeiro.
O restante do montante, US$ 900 mil, teria sido repassado no exterior. O objetivo era que Aécio “influenciasse o andamento dos Projetos do Rio Madeira [Usinas Hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, em Rondônia], atendendo aos interesses do grupo e da Andrade Gutierrez”. Os pagamentos foram operados por Dimas Fabiano Toledo, de Furnas.
Ênio esteve em Brasília em dezembro passado para falar “sobre fatos envolvendo pagamentos indevidos a Mineirinho, tendo em vista a homologação da adesão ao acordo de leniência da Odebrecht”. O delator contou que “recebeu a incumbência de realizar a programação dos pagamentos de ‘caixa 2’ da área de energia” da empreiteira.
“Acerca do programa pagamentos realizados no Projeto Madeira, tendo como destinatário o [então] senador Aécio Neves, afirma que ao chegar na área de energia, o declarante recebeu uma planilha de José Carlos Grossi contendo pagamentos relacionados ao Projeto Madeira, que estava em andamento”, indicou, na delação premiada.
Defesas
O advogado Rogério Marcolini afirmou que Dimas Toledo “conheceu Henrique Valadares na qualidade de executivo da Odebrecht quando diretor de Furnas, com quem teve poucos contatos à época” e que “jamais” esteve com ele “para tratar de assuntos de interesse de Aécio Neves ou de ‘Mineirinho’, não tendo conhecimento do apelido”.
O advogado de Alberto Zacharias Toron, defensor de Aécio, alegou que o delator não conhece quem acusa e “também faz qualquer ligação do deputado ao codinome” apresentado. “O delator foi chamado para depor sobre determinado codinome e não sobre acusações” conta Aécio, que “confia no arquivamento do presente inquérito”.
*Com informações do Estadão Conteúdo
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