Delator da Odebrecht revela que PT ‘mordeu’ propinas do MDB

  • Por Jovem Pan
  • 09/10/2018 10h51
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EFE/Germán Falcón EFE/Germán Falcón Márcio Faria disse que após a reunião com a cúpula do MDB, em 2010, a empreiteira foi abordada pelo PT

O ex-executivo da Odebrecht Márcio Faria da Silva relatou ao juiz federal Sérgio Moro que o PT “mordeu” propinas que teriam sido combinadas com o MDB no escritório de Michel Temer, em 2010, quando era presidente do partido. Nesta segunda-feira (8), o delator foi interrogado no âmbito da ação da Lava Jato contra operadores e ex-diretores da Petrobras. O acordo pagaria R$ 40 milhões ao MDB e, desse total, R$ 8 milhões seriam transferidos para o PT.

A delação foi oferecida durante a operação Deja Vu, 51ª fase da Lava Jato. A acusação mira lavagem de dinheiro e corrupção no âmbito de um contrato de prestação de serviços no valor de R$ 825 milhões celebrado entre a Construtora Noberto Odebrecht e a Petrobras.

O pivô da denúncia, o contrato PAC SMS, se referia à manutenção de ativos sucateados da estatal em nove países, inclusive a Refinaria de Pasadena, no Texas, Estados Unidos. De acordo com o delatores da empreiteira, propinas de 5% foram acertadas (R$ 40 milhões), sendo que 4% (R$ 32 milhões) seriam para Eduardo Cunha, Henrique Eduardo Alves e Michel Temer, e o outro 1% seria para o partido dos trabalhadores.

Márcio Faria disse que após a reunião com a cúpula do MDB, em 2010, a empreiteira foi abordada pelo PT. “O PT, vou usar uma expressão chula, veio morder, e através de João Henriques com Rogério, eu falei: Rogério, tem um valor para o MDB, se for tirar 10, 20 ou 90% do mesmo valor, ok. Valor novo não tem. acertaram com eles que teria ‘split’ para o PT”.

“Uma parte em dinheiro foi para o PT, uma parte para uma pessoa detentora de foro a tirar esse valor e uma pessoa que não detinha que era o Delcídio Amaral. Somou-se um por cento que era o crédito junto ao PT”, afirmou.

De acordo com a planilha de propinas da Odebrecht, uma parte do dinheiro teria sido enviada a Delcídio do Amaral, chamado de “Ferrari” na planilha, e a outra para seria destinada ao senador Humberto Costa (PT), conhecido como “Drácula” pela Odebrecht. O senador reeleito nesta eleição com 1,7 milhão de votos negou o recebimento da propina.

Olívio Rodrigues e Rogério Araújo, delatores da Odebrecht, corroboraram com o depoimento de Márcio Faria da Silva para Sergio Moro.

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