Delatores dizem que Odebrecht pagava por documentos sigilosos do Governo

  • Por Jovem Pan
  • 24/04/2017 09h59
Agência Câmara Ministério da Fazenda

Em delação, o ex-executivo da Odebrecht Antônio de Castro Almeida afirmou que o servidor Flávio Dolabella repassava para a empresa as atas do comitê de financiamento e garantia das exportações, o Cofig. Os documentos são sigilosos e saíam do Ministério da Fazenda para a construtora.

Com os documentos em mãos, a empreiteira se preparava para conseguir o financiamento de obras que seriam tocadas no exterior.

“A gente tomava ações administrativas gerenciais ali em função disso”, segundo o delator. Ainda em delação, Almeida afirmou que Dolabella recebia R$ 15 mil por mês.

Outra “ajudante” da Odebrecht, de acordo com o delator, foi a secretária-executiva da Câmara de Comércio Exterior subordinada ao Ministério da Indústria e Comércio Exterior, Lytha Spíndola. Ela atuava, segundo o delator, dentro do órgao para agilizar os projetos de interesse da empreiteira. O acerto era feito com o filho de Spíndola, Vladimir.

Os pagamentos eram feitos em hotéis escolhidos por Vladimir, segundo Antônio de Castro Almeida.

“Ele ia lá conversar comigo e eu dizia: ‘o método é o seguinte: quando tiver o pagamento efetivo, não vai ser feito em Brasília. Tinha restrições a fazer qualquer pagamento em Brasília, não sei por quê. Então iria lá para São Paulo, ele ia para São Paulo, por exemplo, escolheria um hotel, eu acionaria o pessoal para mandar entregar no hotel da escolha dele. Eu nunca indiquei hotel nem nada”, contou o delator.

Lytha, segundo a delação, repassava documentos em primeira mão para a Odebrecht. Por esse repasse, ela recebeu em 2010, pelo menos US$ 100 mil, de acordo com o delator.

A secretária-executiva da Câmara de Comércio Exterior já é ré em processo sobre fraudes no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), investigado na Operação Zelotes.

Outro delator, o ex-executivo José de Carvalho, afirmou que procurou o deputado João Bacelar (PR-BA) para conseguir documentos de sessões secretas da CPI da Petrobras. O deputado recebeu da Odebrecht doações para as campanhas de 2006, 2010 e 2014.

O deputado, segundo Carvalho, teria entregado um CD: “eu encontrei o deputado no corredor das comissões e perguntei: ‘você tem novidades da CPI da Petrobras? Alguma notícia com relação à CPI para me dar?’ E ele disse: ‘espere’. Pediu que eu esperasse. Uma hora depois me deu um CD. Não abri o CD, não olhei o CD, mandei o CD para o jurídico avaliar”.

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