Delatores omitiram gravação de Cardozo e enviaram áudios ao exterior, diz Janot

  • Por Estadão Conteúdo
  • 11/09/2017 16h55
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Plenário do Senado durante sessão deliberativa extraordinária para votar a Denúncia 1/2016, que trata do julgamento do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff por suposto crime de responsabilidade. Em discurso, à tribuna, advogado da presidente afastada Dilma Rousseff, José Eduardo Cardozo. Foto: Geraldo Magela/Agência Senado Geraldo Magela/Agência Senado Ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, teve conversas gravadas em encontro com Joesley Batista

No documento em que pediu a prisão do dono do grupo J&F, Joesley Batista, do diretor do grupo, Ricardo Saud, e do ex-procurador da República Marcello Miller, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, aponta a omissão de outras gravações feitas por delatores da J&F, uma delas citando o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo.

No depoimento prestado na Procuradoria-Geral da República em 7 de setembro, Ricardo Saud admitiu que Cardozo foi gravado em um encontro na casa de Joesley Batista. A gravação de Cardozo teria gerado uma “briga” entre Miller e os delatores porque o ex-procurador não teria aprovado a atitude. Segundo Saud, Marcello Miller disse que a gravação de Cardozo daria cadeia e que “iriam para cima dele, depoente (Saud), e José Eduardo Cardozo. Saud disse também ter estranhado que Marcello Miller tenha saído da sala após essa conversa mandando mensagens no celular. O conteúdo da conversa com Cardozo não teria sido revelado a Miller.

“Miller teria sugerido ao colaborador que escondessem elementos de informação que pudessem comprometer os advogados Marco Aurélio e José Eduardo Cardozo na venda de serviços a JBS. Tais fatos, ressaltamos, precisarão ser investigados para se confirmarem tais hipóteses. Há, ainda, referências a outras gravações, inclusive uma relativa à conversa com José Eduardo Cardozo, que não apenas deixaram de ser entregues ao Ministério Público Federal como foram levadas ao exterior, em aparente tentativa de ocultação dos arquivos das autoridades pátrias, o que reforça o intento de omitir alguns fatos, após a orientação de Marcello Miller”, diz Janot na peça.

Este foi um dos pontos que Janot considerou para concluir que “Marcello Miller vinha auxiliando os colaboradores antes de se desligar do Ministério Público”.

Janot também destaca que Joesley e Ricardo Saud reconheceram que há informações e áudios não entregues, concluindo que houve má-fé.

O ex-ministro José Eduardo Cardozo e a assessoria de imprensa e a defesa de Marcello Miller foram procurados, mas não responderam à reportagem.

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