Denunciado, Collor acusa Janot de vazar informações; procurador diz que houve “especulação enorme”

  • Por Jovem Pan
  • 26/08/2015 14h10
Reprodução/ TV Senado Rodrigo Janot e Fernando Collor de Mello

Um confronto verbal inusitado se deu nesta quarta-feira (26) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal. Denunciado por corrupção e lavagem de dinheiro, o senador Fernando Collor de Mello fez várias acusações contra aquele que o denunciou no STF, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sabatinado para ser reconduzido ao cargo máximo do MPF (Ministério Público Federal).

Collor passou em mais de três minutos o tempo que tinha para inquirir Janot e trouxe um calhamaço de documentos que comprovariam as suas acusações. Entre elas, estava um suposto vazamento de informações por parte da Procuradoria.

“Estamos diante de um catedrático em vazar informações que correm em segredo de justiça”, disse Collor, acusando Janot de selecionar meios de comunicação e pinçar informações para produzir manchetes de jornal.

Em sua resposta, Janot citou documento produzido por membros da Secretaria da Comunicação (Secom) e lembrou que a carta “não foi feita por jornalistas, mas por servidores públicos”. Em março, o ministro Thomas Traumann pediu demissão após carta com críticas à comunicação do governo ter saído na imprensa.

O procurador também citou as especulações sobre a chamada “lista de Janot” de políticos investigados na Operação Lava Jato, divulgada em março. Ele negou que as informações publicadas pela imprensa antes da divulgação oficial tenham sido fruto de vazamento.

“O que houve não foi vazamento, mas uma especulação enorme”, afirmou. “Alguns acertaram nomes, outros erraram (…). Não se vazam nomes errados”, ponderou.

“Eu nego que eu seja um vazador contumaz”, enfatizou o procurador. “Eu sou discreto, não tenho atuação midiática”.

Collor também acusou o procurador de “falsear” informações sobre contratos com empresa de comunicação, ao que Janot negou. O senador denunciado citou ainda uma “dupla de contraventores”. Em sua réplica, Janot assumiu que um desses era seu irmão, Rogério Janot, já falecido há cinco anos. “Não participarei dessa exumação pública sobre um homem que nem sequer pode se defender”, respondeu o procurador.

Por fim, Janot rebateu aqueles que dizem que seu trabalho na Lava Jato se dá com “espetacularização” na verdade é a aplicação de um princípio republicano: “Todos são iguais perante a lei”, disse Janot. “Pau que dá em Chico dá em Francisco”.

No dia 20, quando foi denunciado, Collor escreveu em sua página no Facebbok que a denúncia foi “construída sob sucessivos lances espetaculosos”.

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