Deputados invadem Hospital Geral de Guarulhos e tentam acessar área restrita da Covid-19
Arthur do Val, que liderava o grupo, afirmou que fiscalização surpresa foi feita com o máximo de respeito
Alguns parlamentares, entre eles o deputado estadual Arthur do Val, invadiram o Hospital Geral de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, na tarde da sexta-feira, 16. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, eles tentaram acessar à força a área restrita de atendimento aos casos graves de Covid-19. Por lá, a circulação permitida é apenas dos profissionais de saúde. Segundo a SES, os parlamentares provocaram aglomeração e ofereceram risco à equipe e aos pacientes da ala. “A conduta destoa do que é esperado de autoridades públicas, que deveriam ser exemplo a zelar pela segurança da população, principalmente em tempos de crise sanitária global”, disse a secretaria. Ao lado de do Val estavam o também deputado estadual Ricardo Mellão e o deputado federal Kim Kataguiri.
A SES afirmou que os protocolos sanitários contra o coronavírus devem ser respeitados por todos os cidadãos, independente de sua posição, principalmente em serviços estaduais de saúde. “A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo está e sempre esteve à disposição das autoridades e da população de São Paulo, prezando pelo bom senso e diálogo, e lamenta que cenas como essa sejam realidade no momento em que todos vivemos. O Hospital Geral de Guarulhos tem hoje 60 pacientes internados com quadros graves de Covid-19, sendo 27 em enfermaria e 33 em UTI, todos lutando para sobrevive ao triste impacto desta doença na vida de milhões de brasileiros. Trata-se, portanto, de um ato de desrespeito não apenas com os profissionais de saúde que ali atuam, mas também com as vítimas da doença e seus familiares.”
Pelas redes sociais, Arthur do Val, conhecido também como Mamãe Falei, se defendeu e disse que fez uma fiscalização “com o máximo de respeito”. A escolha pelo Hospital Geral de Guarulhos acontece, segundo ele, por ser uma unidade a qual ele enviou emendas. “É claro que há o primeiro choque de uma fiscalização surpresa, quando a gente chega lá com câmera. O pessoal resiste no começo, isso é normal. Só que, em nenhum momento, nós usamos de grosseria ou violência. Em nenhum momento. A gente pediu permissão para entrar, a gente disse que não podia esperar porque era uma fiscalização surpresa.”
Ele afirmou que em todo o tempo a equipe esteve acompanhada e as restrições foram respeitadas. “Tanto que não vistamos UTI ou ala Covid. Em alguns lugares, em que houve restrição de acesso do número de pessoas, nós também respeitamos. Houve alguns lugares que apenas uma ou duas pessoas poderiam entrar. Nós respeitamos. Obviamente passando álcool em gel, usando a máscara.” De acordo com ele, a intenção era “fazer o que Bolsonaro não faz: fiscalizar”. O ponto central da visita ao hospital seria verificar a situação do kit intubação. “A gente sabe que o governo federal simplesmente confiscou os kits de remédio para intubação em São Paulo. Inclusive, no caso deste hospital, o estoque já está em níveis críticos. Fomos lá justamente para ver em campo as consequências dessa política desastrosa do governo federal. Quero deixar claro que nós fizemos tudo com o máximo de respeito, pretendemos continuar essas fiscalizações e mostrar para todo mundo que é importante fiscalizar, sim, com respeito, do jeito certo.”
Em nota enviada à reportagem, Ricardo Mellão afirmou que em nenhum momento os deputados tentaram ou quiseram invadir a ala de Covid-19. “Minha agenda era voltada ao acompanhamento de projetos importantes no combate à Covid-19 e a segui, junto a outros parlamentares, para uma visita de fiscalização, acompanhada pelos profissionais locais. A visita se restringiu a conferir o prontuário de presença dos médicos, o atendimento à população e os itens do almoxarifado. Tenho como rotina de trabalho como deputado fiscalizar equipamentos públicos, como já fiz em diversas ocasiões”, disse. “Entendo que visitas-surpresa geram desconforto, peço desculpas pelo mal-entendido, faço um elogio ao trabalho dos profissionais do hospital e lamento a forma como o episódio foi tratado pela Secretaria da Saúde.”
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