Gripe H1N1 matou quase 2 pessoas por dia nos últimos dez anos

  • Por Camila Corsini
  • 06/07/2019 10h00 - Atualizado em 06/07/2019 12h39
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Marcelo Camargo/Agência Brasil criança vacinando Só em 2019, 225 já morreram vítimas da gripe A H1N1; infectologista alerta para importância da prevenção durante o ano todo, não apenas no inverno

Febre alta, dor no corpo, fadiga. Os sintomas de uma gripe significam hoje, para a maioria das pessoas, muito menos risco do que há 10 anos. Em 2009 a gripe suína deixou o mundo em pânico, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o vírus como pandemia 6 – o grau máximo, que anuncia ampla transmissão do vírus em, pelo menos, dois continentes. 

No Brasil, o vírus da gripe suína chegou modificado e ficou conhecido nacionalmente como Influenza A H1N1. Na época, mais de duas mil pessoas foram vítimas fatais. De acordo com o Ministério da Saúde, 225 pessoas morreram em decorrência da mesma gripe apenas em 2019. 

Ao longo dos 10 anos, apenas no Brasil, 78.956 pessoas foram diagnosticadas com o vírus. Dessas, 6.653 morreram. Analisando esse dado, temos que 1,8 pessoa veio a óbito por dia em consequência da gripe A H1N1 de maio de 2009 até junho deste ano. 

A publicitária Debora Urbano, de 24 anos, contraiu o vírus em sua fase mais crítica. “Lembro apenas de ter muita dor no corpo e febre bem alta. Não precisei ficar internada, mas tomei o Tamiflu”, lembra. Mais tarde, em 2016, ela perdeu o pai, César, para a mesma gripe. 

“Por achar que era uma gripe comum, ele demorou para ir ao médico. Em questão de um dia ele não conseguia mais falar direito por falta de ar.” Na mesma madrugada, César deu entrada na UTI e ficou em coma induzido. “Os rins começaram a falhar e ele fez um hemodiálise. Mas, por conta da saúde debilitada, o corpo não aguentou mais uma. No dia seguinte, faleceu.” 

O diagnóstico da gripe A H1N1 chegou apenas quatro dias após o óbito. “O médico disse que ele teve complicações com a gripe porque pertencia ao grupo de risco – era diabético e hipertenso.”

Hoje, com a filha Olívia, os cuidados de Debora são redobrados. “Tomo vacina todo ano como forma de prevenção e ando com álcool em gel na bolsa. Sempre que vou mexer com ela me certifico que as mãos estão limpas e não deixo qualquer pessoa tocar.”

Por muito tempo ela achou que, uma vez infectada, não poderia mais contrair o vírus. A infectologista na Infecto Clin Vacinas, Raquel Muarrek, explica que não é bem assim. 

“A gripe está presente, predominantemente, no outono e no inverno. Além disso, não existe apenas um subtipo de gripe circulando. Temos também a H3N2, por exemplo. E, além da gripe, podemos ter resfriados, que é um quadro mais leve da gripe. Se sua imunidade estiver fraca, você está mais propenso a ter mais vezes.”

Vacina

Desde 2010 a vacina oferecida anualmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) protege também contra a A H1N1. A regra, segundo a OMS, é de que a vacina brasileira abranja os três vírus que mais circularam no ano anterior no Hemisfério Sul. 

Em 2019, a campanha da vacinação trivalente contra a gripe aconteceu entre os dias 10 de abril de 31 de maio e imunizou cerca de 90% da população, um total de 59,1 milhões de pessoas – entre o grupo prioritário e o restante da população.

A infectologista reforça que é importante se prevenir da gripe mesmo nos meses mais quentes. “É recomendado, durante todo o ano, usar álcool gel, lavar as mãos antes das refeições, deixar os ambientes ventilados e com grande circulação de ar. Além disso, evitar testar a imunidade com frequência, desafiando o clima. Se está vento, use um casaco. Não meça a temperatura com o seu corpo”, orienta Raquel. 

Relembre o surto

A gripe suína foi detectada pela primeira vez em março de 2009, no México. Pouco mais de três meses depois a OMS elevou o nível de alerta da doença para pandemia 6, o grau máximo da escala. 

Em questão de dias o pânico se alastrou por boa parte do mundo e deixou muitas pessoas desesperadas. No Brasil, não foi diferente. O vírus que chegou ao Brasil, chamado de A H1N1, é uma mistura da gripe suína, aviária e humana. Diante do cenário, o uso de máscaras foi adotado, o consumo de álcool gel foi intensificado e muitas escolas e universidades decidiram fechar as portas até o risco maior passar. 

Em 2016 o Brasil registrou o segundo maior número de mortes por A H1N1 desde o aparecimento do vírus, com 1.987 óbitos. O índice foi alto mesmo com 95,5% do público-alvo da vacina imunizado.

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