Dia Nacional do Café: médico polemiza ao falar sobre a bebida mais consumida no mundo

Enrique Lora traz informações curiosas sobre o consumo que podem fazer diferença na sua saúde e qualidade de vida

  • Por Jovem Pan
  • 24/05/2024 15h12
Freepik Amigos tomam café em cafeteria Dia Nacional do Café é comemorado em 24 de maio

O cafezinho é preferência nacional e isso todo mundo sabe. Aliás, o Brasil é hoje o maior produtor de café mundial e não é para menos. A gente adora tomar a bebida ao acordar, após o almoço e durante o dia todo para dar aquela despertada e ânimo. Mas você sabe se esse hábito é saudável? Segundo o médico integrativo Dr. Enrique Lora, não. “Antes de ser absorvido pelo intestino, o café passa pelo estômago e assim temos a primeira barreira, também chamada de contraindicação, do consumo da bebida. O estômago produz o ácido clorídrico, que tem por volta de 2 PH, enquanto o café tem 5 PH, e para uma pessoa que tem o equilíbrio do ácido clorídrico, tudo bem, mas quem tem gastrite ou refluxo, o processo acaba prejudicando o processo de ingestão de proteína, por exemplo, já que o PH necessário para isso é por volta de 2. O café pode atrapalhar a digestão de alguns nutrientes, entre eles o ferro e a vitamina B12. Por isso, é melhor tratar essa gastrite antes para poder tomar o café.”

Depois que passa essa questão gástrica, quando chega lá no intestino, você pode ter algo que acontece muito: o hiperestímulo, que dá muita vontade de ir ao banheiro. “Se a pessoa precisa do café para ir ao banheiro, então, está errado. Até porque ir mais de uma vez ao banheiro por dia é incomum, mas quando os nutrientes entram no café da manhã e você já vai ao banheiro, o que era para ser absorvido não acontece e vai direto para as fezes”, salienta. De acordo com Lora, os homens costumam beber mais café do que mulheres, cerca de duas xícaras por dia, mas as mulheres não ficam muito atrás, com 1,9 xícara por dia. “A idade em que mais se bebe café é dos 24 aos 32 anos, tendo uma relação com o trabalho”, cita.

O que acontece quando a cafeína é absorvida pelo nosso corpo?

Ele é conhecido pelo seu efeito estimulante e inibe a adenosina, um neurotransmissor que relaxa. “É como se ele falasse para o cérebro: ‘Nada de relaxar, nós vamos ficar estimulados, vamos produzir’, deixando a gente mais focado, mais desperto, mais disposto, ou seja, mais ativo e produtivo. A concentração fica melhor e, eventualmente, a memória. A produção de dopamina aumenta”, esclarece. Quem é ansioso ou tem uma rotina agitada não deve consumir café ou precisa reduzir o consumo. Com uma hiperestimulação, o quadro de ansiedade pode aumentar. Se você toma café todos os dias, o corpo se acostuma com a substância. “Quando existe a neutralização da dopamina (quando o cérebro está acostumado com o efeito estimulante do café, tendo menos sensibilidade dos receptores), acontecem duas situações. A primeira é que você já não vibra tanto quando consegue algo, quando tem um aumento, quando tem uma viagem maravilhosa para fazer e você não está nem aí. Além disso, tem também a vontade de consumir mais o estimulante para ter a dopamina, uma espécie de vício, em que o corpo busca gatilhos de dopamina. Aqui entram os jogos, uso de drogas, uso desenfreado de celular, alimentos hiperpalatáveis (chocolate, massa, alimentos gordurosos)”, ressalta Lora.

Ainda, quem não gosta de café, deve eliminá-lo da sua rotina, sem necessidade de reposição em cápsula, por exemplo. “Levando em consideração as questões gástrica, intestinal e mental, ele faz mal, sim. Por isso, é relevante pensar em seu efeito estimulante. Por exemplo, a pessoa dormiu muito mal à noite, ficou trabalhando até tarde, mas precisou acordar cedo por conta de uma reunião, em que precisava estar focado, o café é um bom estimulante para isso. Já se a pessoa toma café todo dia, não terá esse mesmo efeito”.

Posso substituir o café?

Quanto às substituições, o chá, principalmente o verde, é excelente para isso, além de outros que possam fazer esse efeito estimulante, como gengibre e canela. “Ao tomar café, opte pelo sem açúcar, pois já não basta todos os prejuízos que ele pode te dar”, enfatiza. Cada um tem a sua individualidade quanto ao consumo, ou seja, não existe uma quantidade específica para ingerir. E o médico sugere: “Há pessoas com deficiência no gene que faz com que a metabolização da cafeína seja lenta, ou seja, ela fica muito tempo fazendo efeito no corpo. Esse é o tipo de indivíduo que não pode tomar café depois do meio-dia, por exemplo, pois acaba prejudicando diretamente o sono. Por conta dessa individualidade que eu sugiro o consumo pela manhã, sem precisar fazer exames para constatar isso”. De acordo com o especialista, vale a pena retirar o café da rotina por 10 a 15 dias e observar o resultado. Ele reforça que o resultado com seus pacientes é quase unânime: trata-se de um costume, não a necessidade. E para quem gosta do sabor do café, a substituição pelo descafeinado é excelente.

Café de cápsula de alumínio é prejudicial?

“Quando a gente dosa o consumo de alumínio, a gente pensa em contaminação. Alumínio e mercúrio são dois componentes que sempre pensamos sobre isso e suas fontes. E a cápsula de café, assim como a água, entram nesse parâmetro. O passado na máquina é uma melhor alternativa”, explica. Há pessoas que se dizem viciadas em café e perguntam se um grão de melhor qualidade pode ser consumido sem consequências, mas isso não existe. “Não há como estimular os exageros e se for consumido como algo pontual, melhor ainda”, finaliza.

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