Acidentes domésticos como o que vitimou Gugu são comuns, mas podem ser evitados; veja dicas

Quedas causaram mais de 16 mil registros de atendimentos ambulatoriais e 56.725 hospitalares em 2018 no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde

  • Por Rafaela Lara
  • 29/11/2019 07h17 - Atualizado em 29/11/2019 07h17
Reprodução / Twitter Corpo de Bombeiros de São Paulo atendendo ocorrência de queda, na Zona Leste de São Paulo

Algumas situações caseiras, aparentemente corriqueiras, podem causar acidentes e até levar à morte. Um desses casos mais recentes resultou no falecimento de Gugu Liberato, que trocava o filtro do ar-condicionado de sua casa em Orlando, na Flórida, quando o forro do sótão cedeu o apresentador caiu de uma altura de cerca 4 metros.

Após o ocorrido, na última quarta-feira (20), Gugu foi prontamente atendido por uma equipe de resgate e ficou hospitalizado no Orlando Health Medical Center, onde permaneceu na Unidade de Terapia Intensiva até ser constatada a morte encefálica, na noite de quinta (21).

De acordo com o Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, medidas básicas de segurança podem evitar desde quedas simples, provocadas por um tropeção dentro de casa, até quedas de um nível a outro, além de outros acidentes domiciliares.

Dicas de como evitar acidentes dentro de casa:

Escadas e tapetes

Evitar tapetes que possam dificultar o caminhar de idosos ou provocar tropeções que resultem em quedas, além de usar calçados antiderrapantes. Nas escadas, recomenda-se a instalação de corrimão dos dois lados e a sinalização dos degraus. No caso de crianças, os Bombeiros recomendam ainda a instalação de portas ou pequenos portões que possam impedir a circulação das crianças e, consequentemente, evitar um desequilíbrio.

Banheiros e cozinhas

Segundo o capitão Palumbo, porta-voz do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, os banheiros podem oferecer riscos elevados e são um dos principais causadores de acidentes domésticos, principalmente entre os idosos.

“É importante instalar uma barra de segurança na parede, abaixo do chuveiro, para que o idoso possa se apoiar e evitar escorregões que, consequentemente, provocam fraturas ou lesões. Além de jamais subir no vaso sanitário que pode quebrar e provocar lesões seríssimas. Banheiros e cozinhas são locais onde mais atendemos ocorrências de queda dentro de casa”, afirma. Nas cozinhas, recomenda-se cuidado com o fogão, botijão de gás e panelas que estejam com os cabos voltados para fora.

Janelas e sacadas

Já as janelas, sacadas e parapeitos merecem atenção especialmente quando há crianças dentro de casa. “Nesses casos, a compleição física da criança influencia na queda. A criança, despertada pela curiosidade, pode querer olhar para baixo enquanto está próxima de uma janela sem proteção e a cabeça da criança acaba funcionando como um pêndulo puxando o restante do corpinho para baixo em questão de segundos”, diz o capitão.

Nesse caso, recomenda-se a instalação de grades ou telas de proteção, além de evitar móveis próximos a janela. “Um sofá debaixo de uma janela é um convite para a criança subir”, ressalta.

Telhados e calhas

Manutenções básicas dentro e fora de casa também merecem atenção e, sobretudo, avaliação se o serviço pode ser realizado sem colocar a vida em risco.

“Para esse tipo de manutenção que costumamos fazer dentro de casa, é importante saber por onde está caminhando, manter o local iluminado, evitar pisar em telhados de zinco que podem quebrar com facilidade, se apoiar para não perder o equilíbrio e não improvisar, sob hipótese alguma, os equipamentos necessários.”, destaca o capitão.

Para ele, quedas durante manutenções caseiras e quedas da mesma altura podem ser evitadas a partir de uma análise de risco do local.

“Não há problemas em fazer manutenções simples dentro da própria residência, como trocar uma lâmpada, por exemplo. Mas é preciso prudência para evitar esses riscos de queda. É necessário uma avaliação crítica do local antes de fazer qualquer tipo de reparo. Avaliar se há espaço seguro no local, ter os equipamentos certos, verificar a iluminação, saber onde está pisando e se trata-se de algo diferente do que estamos acostumados a fazer, recomenda-se evitar esse risco pelo bem da vida”, destaca.

“Nas quedas de um nível a outro, ocorrer uma fratura é algo muito comum. Geralmente, fratura de fêmur, bacia e, em casos mais graves, há traumatismo cranioencefálico. O socorro desses casos pode ser bem delicado e envolve uma recuperação lenta”, completa.

Dados sobre acidentes domésticos

Quedas dentro de casa, durante pequenas manutenções, são mais comuns do que se imagina. Assim como as chamadas quedas de mesma altura, que podem partir de um simples tropeção ou escorregão durante o banho, por exemplo. De acordo com o Corpo de Bombeiros, mais de 34 mil casos de quedas de mesma altura foram atendidos neste ano em todo o Estado de São Paulo. Em relação a quedas de um nível a outro dentro de casa, foram mais de 11 mil ocorrências atendidas neste ano em todo o Estado.

Números obtidos pela Jovem Pan junto ao Ministério da Saúde mostram que as quedas causaram mais de 16 mil atendimentos ambulatoriais e 56.725 registros de atendimento em hospitais no ano de 2018 em todo o Brasil.

Os números são gerados a partir da Classificação Internacional de Doenças (CID), computadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Neste ano, o Ministério registrou até o momento mais de 43 mil acidentes provenientes de queda que resultaram em atendimento hospitalar. Além desses, os números de atendimento ambulatorial já chega a quase 10 mil registros.

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