Dilma alerta para riscos de “Governo ilegítimo” de Temer
A presidente afastada Dilma Rousseff alertou nesta sexta-feira para os “riscos” que correm o país e sua democracia desde que estão sob um “governo ilegítimo”, como tachou o Executivo interino de Michel Temer.
“Não sei se o risco existe agora, neste momento. Mas acho que um governo ilegítimo precisará sempre de mecanismos ilegítimos para manter-se no poder”, declarou Dilma em entrevista coletiva a correspondentes estrangeiros, um dia depois de ter sido afastada pelo Senado.
A governante, que recebeu a imprensa estrangeira no Palácio da Alvorada, residência oficial que ainda mantém, também reiterou sua disposição a “lutar” para recuperar o poder, para o que espera demonstrar sua inocência no julgamento político que se desenvolverá durante os seis meses de seu afastamento provisório.
Sobre o governo interino de Temer, que começou nesta quinta-feira, Dilma também afirmou que, por seus primeiros pronunciamentos, será “liberal na economia e conservador nas áreas social e cultural”.
A presidente afastada lamentou também que “após muito tempo, pela primeira vez não haja no governo brasileiro nem mulheres nem negros”.
Temer anunciou nesta quinta-feira seu gabinete e todos seus integrantes são homens brancos, o que Dilma considerou que “é uma imagem” do que será sua gestão.
“Há um problema de representatividade”, sobretudo em relação às mulheres, que representam mais de 50% da população brasileira, criticou.
“A questão de gênero é fundamental para a democracia no Brasil”, disse a presidente afastada, que a igualou nesse sentido aos assuntos raciais e à discriminação sofrida pela população negra.
“A desigualdade no Brasil é negra, feminina, infantil e também, obviamente, masculina, mas negros e mulheres são fundamentais se o que se quer é construir um país do ponto de vista social, cultural e de direitos humanos”, declarou.
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