Dilma diz que não mexe nos ministérios antes de Câmara votar impeachment

  • Por Jovem Pan
  • 05/04/2016 10h46
Brasília - A presidenta Dilma Rousseff dá entrevista coletiva após apresentação da aeronave KC-390, novo avião cargueiro projetado pela Força Aérea Brasileira (FAB) (José Cruz/Agência Brasil) José Cruz/Agência Brasil Presidente Dilma Rousseff fala à imprensa em visita à base aérea de Brasília: "eu tenho o otimismo da luta"

Questionada sobre possíveis mudanças na esplanada dos ministérios, a presidente Dilma Rousseff disse que não irá “mexer em nada” antes de a Câmara dos Deputados votar sua próxima pauta: o processo de impeachment que tramita na comissão especial.

“O Palácio do Planalto não está pretendendo transformar qualquer reestruturação ministerial antes de qualquer processo de votação na Câmara. Nós não iremos mexer em nada atualmente”, afirmou Dilma, durante visita à Base Aérea de Brasília e à aeronave KC-390. O Planalto tem negociado com partidos do chamado “centrão” para garantir apoio para barrar o processo de impedimento. A presidente criticou as “especulações” publicadas na imprensa.

“Especulações que fazem sobre ministérios, sobre mudanças no governo, são absolutamente isso que eu disse: especulações, sem base na verdade, sem consulta ao Palácio. Isso não é bom para o jornalismo. É um jornalismo especulativo que cria no País um tipo de clima e instabilidade extremamente nocivo, transformando factóides em realidades”, disse Dilma. “Eu lamento muito. Isso (especulações) tem ido desde minha saúde até mudanças na estrutura de governo. Por favor, a gente tem que se pautar por um grande realismo. E o realismo significa o seguinte: notícias verídicas”, pediu.

Questionada sobre o PMDB, que deixou recentemente a base aliada do governo, a presidente desconversou: “eu não faço avaliações sobre ações partidárias, nem do PT”, disse, alegando que tal comentário com competiria à Presidente da República.

Dilma também criticou a instabilidade política no País, que seria criada pela oposição e atrapalha a recuperação econômica. “Eu acho que todos aqueles que apostaram na instabilidade, que apostam no quanto pior melhor, criam uma situação difícil para o país”, disse. “Todo mundo sabe que sem estabilidade política não se tem recuperação econômica”.

“Nenhum governo conseguirá governar o Brasil se não houver um pacto pelo diálogo, pela governabilidade política”, afirmou também Dilma, pedindo respeito às “regras do jogo”, em críticas às tentativas de tirá-la do poder e em defesa de seu mandato.

“Pensam que ao tirarem um governo legitimamente eleito, que o país vai ficar tranquilo, que vai ser a pacificação; não é”, prognosticou. Dilma entende que cassar seu mandato seria “romper o processo democrático”. “A instabilidade pode permanecer de forma profunda e extremamente danosa”, avaliou a presidente.

Dilma também criticou a proposta que transforma os juros da dívida dos Estados com a União em juros simples, impactando em cerca de R$ 300 bilhões as contas do governo, em suas contas. Ela classificou a medida como uma “pauta-bomba de hidrogênio”.

A presidente também comentou as especulações de que a Petrobras diminuirá o preço da gasolina vendida no Brasil. “O governo não tem nada a ver com subir ou abaixar o preço da gasolina”, disse Dilma, preferindo não opinar sobre a decisão da estatal brasileira. “Eu acho, por qualquer avaliação, há uma discrepância entre o preço praticado no Brasil e o preço praticado lá fora”, comentou, no entanto.

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