Dilma diz que “querem encurtar caminho para democracia” e que é vítima de fraude

  • Por Estadão Conteúdo
  • 03/05/2016 18h26
Brasília - DF, 03/05/2016. Presidenta Dilma Rousseff durante cerimônia de Lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR Roberto Stuckert Filho/PR Dilma Rousseff durante cerimônia de Lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar - Presidência

Em mais um evento para afagar a base e demonstrar apoio ao governo, a presidente Dilma Rousseff usou nesta terça-feira, 3, o seu discurso na cerimônia de lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar, no Palácio do Planalto, para fazer uma defesa de seu mandato. “Vivemos tempos muito estranhos, difíceis, politicamente conturbados. A democracia brasileira sofre um assalto. Querem encurtar o caminho para a democracia”, acusou a presidente. Ao chegar à cerimônia, Dilma foi recebida aos gritos de “não vai ter golpe, vai ter luta” e “no meu País eu boto fé porque ele é governado por mulher”.

A presidente disse, ainda, que está sendo vítima de uma fraude e argumentou que impeachment sem crime é golpe. Ela classificou as acusações do processo de impeachment como mentiras e falou sobre os decretos de crédito suplementar, publicações que são parte das acusações que pesam contra ela. “É uma mentira contra a experiência histórica do País. Se comparar com os últimos presidentes, a situação é estranha. Eu fiz seis decretos. Fernando Henrique Cardozo (FHC) fez 101”, relatou. 

Dilma observou que os decretos que aparecem na acusação mostrariam que ela estava cumprindo a meta fiscal. “Esses decretos não foram feitos por demanda minha. Um deles é do TSE, que falava que eles fizeram concurso e apareceu mais gente do que o esperado”, explicou. “Por isso o TSE arrecadou dinheiro a mais e pediu que esses valores fossem destinados a outro concurso”, disse. Um segundo decreto, explicou Dilma, é referente ao hospital federal do Ministério da Educação. “Nesse, o MEC recebeu para os hospitais doações de pessoas físicas e de organizações sem fins lucrativos. Esse montante foi colocado nos hospitais e nós cometemos crimes porque, segundo eles, não deveríamos ter posto o dinheiro nos hospitais; os recursos tinham de ter ido para o cumprimento da meta”, relatou.

Segundo a presidente, o governo já tinha feito o maior corte orçamentário que o País viveu e ainda assim “eles queriam que colocasse mais dinheiro ainda na meta”. “Por isso quando votam (os deputados), votam por todas as razões, menos pelos decretos. Eles não queriam votar contra o dinheiro dos hospitais”, argumentou. Dilma ainda se defendeu dizendo que não participou de nenhum dos atos pelos quais foi acusada e agora pode perder o mandato. “Eu sou acusada e sequer estive presente em qualquer dos atos. É claro que as razões do impeachment são outras. É porque não tinham do que me acusar. Estão construindo uma acusação”, afirmou. “Por isso digo que me sinto injustiçada por um grupo que quer chegar ao poder através de um caminho fácil, que não passa pelo caminho do voto do brasileiro”, acusou. 

Durante o discurso na cerimônia do Plano Safra da agricultura familiar ela afirmou que está se traçando o caminho para eleições indiretas. Disse que foi eleita para pôr em prática um programa que tinha como prioridades os programas sociais, mesmo enfrentando uma crise econômica e política. Ela ainda aproveitou a ocasião para fazer críticas ao presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). “Estamos em maio e não tem, por decisão de seu presidente, não existem comissões que possam avaliar projetos. Não tem a comissão de orçamento, não tem a CCJ. Mesmo diante disso, das pautas bombas, da teoria do quanto pior melhor, temos lutado para manter os programas sociais”, afirmou.

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