Dilma e Aécio não se ofendem, mas burocratizam o terceiro debate
No terceiro e penúltimo debate com os candidatos à presidência da república, Aécio Neves e Dilma Rousseff, ambos amenizaram o tom de ofensas, acusações e chegaram por alguns momentos a discutirem propostas para um novo governo que se iniciará em 2015, mas números e dados foram o grande tema da discussão entre os dois, burocratizando e causando celeumas entre as partes. Há uma semana do pleito final, a petista e o tucano se encontraram para o embate neste domingo (19.10.2014), nos estúdios da Rede Record de Televisão, no bairro da Barra Funda, na capital paulista.
Nepotismo, acusações implicitas e carteira de habilitação tão presentes nos dois primeiros embates, desta vez não norteou os postulantes ao principal cargo do país. Mas números a esmo foram colocados pelos dois lados elencados pela inflação, crescimento, educação, saúde, bolsa família e criminalidade.
Aécio Neves comparou o Brasil com seus vizinhos em relação ao crescimento econômico, inflação e desemprego e disse que o país vive uma recessão técnica. “Por que isso não acontece em países vizinhos nossos? Cito o exemplo do Chile, que consegue crescer bem mais do que o Brasil controlando sua inflação. Onde está o erro, candidata?” questionou o ex-governador de Minas Gerais a atual presidenta.
Dilma respondeu ao tucano: “Para ter 3% de inflação, o senhor vai triplicar o desemprego, ele vai para 15%, e o senhor vai elevar a taxa de juros, como já fizeram antes, a 25%, porque esse é o receituário”.
O peessedebista não se fez de rogado e questionou a também mineira sobre a corrupção da Petrobrás: “A senhora reconhece agora que houve desvios. Aquele que é denunciado, para recebimento dessa propina, o tesoureiro João Vacari Neto, continuará como presidente do partido e continuará também como membro do Conselho de Itaipu. A senhora confia nele, candidata?”.
A petista interrogou o Aécio sobre o assunto da maior empresa do país, lembrando as acusações ao ex-presidente do PSDB: “O senhor confia em todos aqueles que segundo as mesmas fontes que acusam o Vaccari dizem que o seu partido, o presidente dele, que lamentavelmente está morto (Sérgio Guerra), recebeu recursos para acabar com a CPI? O senhor acredita, candidato?”.
Outra questão pertinente ao debate foi a manutenção e a administração dos bancos públicos. Rousseff disse estar com a pulga atrás da orelha com a possibilidade de Arminio Fraga, ser o ministro da Fazenda, de um possível governo de Aécio Neves: “O seu candidato a ministro da Fazenda (Armínio Fraga), que diz que os bancos públicos terão seu papel reduzido. Eu, se fosse funcionária de um desses bancos, iria ficar com três pulgas atrás da orelha com o senhor”.
Neves havia acusado a candidata da posição de fazer terrorismo eleitoral, ao alardear desemprego e uma possível privatização dos bancos públicos.
Nas considerações finais, Dilma Rousseff lembrou as conquistas sociais dos governos petistas e disse que o país tem que continuar crescendo sem desigualdade social. Aécio Neves se intitulou como o candidato da mudança, o homem que fará o Brasil crescer com inflação baixa e desemprego com taxas aceitáveis.
Os dois principais institutos de pesquisa do país, o Ibope e o Datafolha, dão empate técnico entre Aécio Neves e Dilma Rousseff, respectivamente 51% e 49%. O último confronto e provavelmente decisivo ficou para a próxima sexta-feira à noite (24 de outubro), na TV Globo, dois dias antes do segundo turno.
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