Dirigente regional do MST é assassinado no interior de Minas

  • Por Estadão Conteúdo
  • 25/04/2017 09h26
José Cruz/Agência Brasil José Cruz / Agência Brasil MST

Um militante do Movimento dos Sem-Terra (MST) foi assassinado com dez tiros, na noite de domingo (23), na zona rural de Periquito, município do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. O agricultor Silvino Nunes Gouveia, de 51 anos, estava em sua casa, no Assentamento Liberdade, quando foi chamado e saiu à porta com uma lanterna, recebendo os disparos. Os atiradores fugiram em um carro. Gouveia era dirigente regional do MST. 

Até a noite desta segunda-feira (24), nenhum suspeito havia sido preso. A Polícia Civil de Periquito informou que já investiga o crime.

O corpo de Gouveia foi levado para o Instituto Médico-Legal (IML) de Governador Valadares, município da região. A polícia apreendeu uma garrucha e munições na casa da vítima. Conforme familiares, Gouveia tinha recebido ameaças por sua atuação na luta pela terra. 

Protesto

De manhã, assentados atearam fogo em pneus e interditaram os dois sentidos da BR-381, que liga Periquito a Governador Valadares, para protestar contra a morte do agricultor. A via foi liberada após negociação com a Polícia Rodoviária Federal.

O assassinato aconteceu três dias após a chacina de nove trabalhadores rurais ligados ao MST, na Gleba Taquaruçu do Norte, em Colniza (MT). Em nota, o movimento disse que os conflitos pela terra se intensificaram no Vale do Rio Doce por falta de medidas que agilizem o assentamento de 1.200 famílias acampadas na região e cobrou a apuração do assassinato e a prisão dos envolvidos. 

De acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), órgão ligado à Igreja Católica, em 2016, os conflitos agrários causaram a morte de 61 pessoas no País. 

A polícia já tem pistas de um dos quatro pistoleiros autores da chacina na Gleba Taquaruçu do Norte, em Colniza (MT), que aconteceu na quinta-feira (20), e deixou nove mortos, mas prefere não dar mais detalhes para evitar que as investigações sejam prejudicadas. 

A investigadora Rosângela Nunes disse nesta segunda-feira (24), que a polícia trabalha em “várias frentes” e nega a identificação de algum dos pistoleiros. “Isso atrapalha nossos trabalhos”, afirmou.

O delegado responsável pelo caso, Edson Pick, disse que há um inquérito em andamento na delegacia de Colniza desde 2016 que apura ameaças contra os assentados.

Os trabalhos de investigações foram reforçados ontem com a chegada de uma equipe do Batalhão de Operações Especiais (Bope). O secretário de Estado de Segurança de Mato Grosso, Roger Elizandro Jarbas, foi nesta segunda a Colniza e esteve reunido com os integrantes da força-tarefa para definir as estratégias de ação.

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