Documento mostra pedidos de Odebrecht em reunião do “pacto de sangue” com Lula e Dilma

  • Por Jovem Pan
  • 15/09/2017 12h35 - Atualizado em 15/09/2017 12h48
Marisa Letícia, ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Emílio Odebrecht e o ex-presidente do Corinthians Andrés Sanchez durante inspeção de terreno usado para a construção da Arena Corinthians

O Jornal O Estado de S. Paulo revelou nesta um registro do encontro entre os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff, o empresário Emílio Odebrecht e o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli em que teria se firmado o “pacto de sangue” para que a relação da empreiteira Odebrecht com o governo federal permanecesse “fluída”.

O encontro aconteceu em 30 de dezembro de 2010, depois da eleição de Dilma, quando a companhia temia perder espaço no governo petista, segundo delataram executivos da companhia e afirmou o ex-ministro da Fazenda, então deputado, Antonio Palocci mais recentemente, em depoimento ao juiz Sergio Moro.

O documento mostra a pauta que Emílio Odebrecht deveria tratar no encontro com os presidentes. Ele foi anexado em 3 de agosto ao processo que investiga Lula no recebimento de um terreno onde seria o Instituto Lula e aluguel de apartamento em São Bernardo do Campo como propina da Odebrecht por beneficiar a empreiteira. Entre as “orientações” que a empresa cita no documento, estão “disponibilizar ‘apoio’ junto ao Congresso” e diversas obras da companhia, como sondas do pré-sal, Comperj e obras da Braskem, braço da Odebrecht no setor petroquímico.

Veja o documento:

Reprodução/Blog do Fausto Macedo

Reprodução/Blog do Fausto Macedo

Aparecem nos assuntos a serem tratados “com ele”: o “estádio Corinthians”, “obras sítio (15/1)”, “1ª palestra Angola” e “Instituto”. As relações dos benefícios recebidos por Lula pela Odebrecht na construção da Arena Corinthians para abrir a Copa do Mundo de 2014 (que seria um favor) e de palestras do ex-presidente por meio do Instituto Lula e viagens ao exterior são investigadas em outras ações da Lava Jato. Reformas no sítio que Lula frequentava em Atibaia também são apuradas.

“Foi nesse momento que o doutor Emílio Odebrecht fez uma espécie de pacto de sangue com o presidente Lula.  Ele procurou Lula nos últimos dias de seu mandato e levou um pacote de propinas para o presidente Lula esse terreno do Instituto, que já estava comprado e seu Emílio apresentou ao presidente Lula, o sítio para uso da família, que estava fazendo a reforma em fase final e disse ao presidente que estava pronto e disse que tinha a disposição para o presidente fazer sua atividade política dele, R$ 300 milhões”, disse Palocci a Moro.

Veja a partir do minuto 12’00” do depoimento de Palocci:

Depois, reafirmou, questionado pelo advogado de Lula: “O Emílio o abordou, no final de 2010, não foi para oferecer alguma coisa, doutor., foi para fazer um pacto, que eu chamei de pacto de sangue, porque envolvia um presente pessoal, que era um sítio, envolvia o prédio de um museu, pago pela empresa, que envolvia palestras pagas a R$ 200 mil foram impostos, combinadas com a Odebrecht para o próximo ano, várias palestras, envolvia uma reserva de R$ 300 milhões”.

Em depoimento a Sergio Moro como réu, Lula disse que “essa agenda é mentirosa”. O petista confirma o encontro, mas nega conversas ilícitas. O advogado do ex-presidente classificou o documento como “apócrifo” e “objeto de um incidente de falsidade” ainda não solucionado.

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