Doria critica fala de Bolsonaro sobre Bachelet: ‘Cuide mais do seu país’

  • Por Jovem Pan
  • 05/09/2019 11h49 - Atualizado em 05/09/2019 11h50
Marcella Lourenzetto/Jovem Pan Governador sugeriu que Bolsonaro mude de postura para preservar imagem do Brasil no exterior

O governador do Estado de São Paulo, João Doria (PSDB) criticou, nesta quinta-feira (5), as declarações do presidente Jair Bolsonaro (PSL) sobre a Comissária dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Michelle Bachelet. Para o governador, Bolsonaro deveria perder menos tempo com “brigas e confusões” que prejudicam a imagem do Brasil e “cuidar mais do povo”.

“Foi uma indelicadeza. Não se faz isso com ninguém, quanto menos com uma ex-presidente da República, com a Michelle Bachelet, que hoje representa o alto secretariado de Direitos Humanos da ONU. Foi uma indelicadeza do presidente, acho que ele pode compreender e, talvez, recuar e pedir desculpas. Entendo que não foi um gesto bom, tanto é que ele foi condenado pela opinião pública do Chile, tantos os de direita quanto os de esquerda. E tomo a liberdade, aqui, de sugerir ao presidente Jair Bolsonaro: Cuide mais do seu país, do seu povo. Menos briga, menos confusão, menos agressões”, pediu Doria.

“Invista o seu tempo cuidando do seu povo e do seu pais. Temos quase 13 milhões de brasileiros sem emprego e 7 milhões de subempregados. 60 milhões votaram no presidente Bolsonaro na esperança que ele possa mudar o país e melhorar. Eu continuo acreditando que ele pode fazer isso, mas não será com brigas, desafeições, com manifestações, com palavrões que nós vamos construir uma imagem positiva do Brasil nos mercados internacionais”, continuou.

De acordo com o governador, é preciso preservar a imagem do Brasil no exterior, que sempre foi boa. “Elas [essas declarações de Bolsonaro] não são contributivas para a imagem do país e, aliás, confrontam a imagem de um país fraterno, que recebe bem turistas, visitantes e imigrantes. Sempre o Brasil teve uma boa imagem nesse sentido, de um país muito afetuoso no trato com as pessoas, no respeito as pessoas. Não é um bom caminho, esse caminho não constrói uma imagem boa do Brasil e, consequentemente, países que não tem uma boa imagem não são países onde as pessoas sentem prazer em viajar ou escolher como destino para suas férias”, finalizou.

Entenda

Na quarta-feira (4), Bolsonaro afirmou que Bachelet está “defendendo direitos humanos de vagabundos”. Ele também atacou o pai da ex-presidente do Chile, morto durante a ditadura militar chilena em decorrência de torturas sofridas no cárcere.

“Senhora Michelle Bachelet, se não fosse o pessoal do Pinochet derrotar a esquerda em 73, entre eles o seu pai, hoje o Chile seria uma Cuba. Acho que não preciso falar mais nada para ela. Parece que quando tem gente que não tem o que fazer, como a senhora Michelle Bachelet, vai lá para cadeira de direitos humanos da ONU. Passar bem, dona Michelle”, declarou, após a comissária dizer que o Brasil está “perdendo espaço democrático”.

Mais tarde, o Ministério das Relações Exteriores enviou um comunicado à imprensa em que demonstrou “indignação” com as declarações feitas por Bachelet sobre o Brasil. No texto, o Itamaraty disse que essa não é a primeira vez que ela “trata o Brasil com descaso”, cita medidas do governo Bolsonaro que “garantem a expansão do espaço cívico” no Brasil e reafirma que o País “se orgulha da solidez e da resiliência de sua democracia”.

Em seguida, o presidente do Chile, Sebastián Piñera, repudiou  a declaração de Bolsonaro. “É de conhecimento público meu compromisso permanente com a democracia, a liberdade e o respeito aos direitos humanos em todo o tempo, todo o lugar e toda a circunstância”, disse.

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