Governo de SP estende quarentena em todo o estado até 31 de maio

  • Por Jovem Pan
  • 08/05/2020 12h41 - Atualizado em 08/05/2020 14h24
EFE/Fernando Bizerra Jr Baixa adesão da população às medidas de isolamento social ajudou no crescimento de 1,2% do PIB no 1º trimestre Inicialmente estava previsto que o isolamento fosse flexibilizado em algumas regiões, mas o governo recuou

O governador do estado de São Paulo, João Doria, anunciou nesta sexta-feira (8) que a quarentena já em vigor nos 645 municípios vai durar, pelo menos, até o dia 31 de maio. Inicialmente estava previsto que o isolamento fosse flexibilizado em algumas regiões, mas o governo recuou.

Em coletiva de imprensa, Doria disse, porém, que pretende em breve anunciar a retomada gradual da economia, como era previsto. “Mas as experiências em outros países mostram claramente o colapso, e isso aumenta o medo, a insegurança e o número de mortos. Hoje, o Brasil é um país triste.”

Doria ainda citou que o medo “é o pior conselheiro da economia”, pois prejudica o consumo, afugenta os investimento e ataca os empregos. “Estamos todos atravessando o pior momento dessa pandemia, só não reconhece quem está cego pelo ódio ou pela ambição pessoal.”

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, apresentou dois pré-requisitos para que as medidas possam ser flexibilizadas, em um cenário em que o isolamento chega a 55%: a redução sustentada no número de novos casos por 14 dias e a taxa de ocupação dos leitos de UTI inferiores a 60%.

Nesta sexta-feira (8), o estado de São Paulo tem 41.830 casos confirmados da Covid-19 e 3.416 mortos.

Vidas salvas

O governador citou ainda que um estudo recente da Universidade de São Paulo indica que ao menos 51 vidas são salvas todos os dias por conta do isolamento social e pelas iniciativas tomadas pelo governo do estado e pelos prefeitos dos 645 municípios.

De acordo com Dimas Covas, que assume também a coordenação do comitê de contingência à Covid-19 durante o afastamento do infectologista David Uip, 40 mil vidas já foram poupadas até o momento.

“Adotar a quarentena não é fácil, nenhum ser humano tem o prazer em dar más notícias. Mas não se trata desse sentimento, mas sim de proteger vidas. É o momento mais crítico da história desse país. Como governador, tenho obrigação de fazer esse papel”, disse Doria.

Ele ressaltou que nenhum país do mundo conseguiu relaxar as medidas com a curva de contaminação em alta. “Nas últimas semanas, houve um desrespeito a quarentena em São Paulo e em outras partes do Brasil, e o número de casos aumentou dramaticamente.”

Segundo Doria, em abril houve aumento de 3.300% no ritmo de crescimento dos casos nos municípios do interior e do litoral. Na região metropolitana, esse aumento foi de 770% em 30 dias.

Retomada econômica

A economista Carla Abrão, que coordena o conselho econômico do governo, reforçou a necessidade de seguir as orientações de saúde nesse momento para que a retomada da economia seja “gradual, responsável e efetiva”.

“É preciso ser capaz de religar a economia com o maior impacto possível no ponto de vista da produção e do emprego. Todas as coisas precisam ser coordenadas e compatibilizadas com indicadores de saúde para salvar vidas e garantir a volta das atividades econômicas de forma adequada e efetiva.”

Já o secretário da Fazenda e Planejamento de São Paulo, Henrique Meirelles, declarou que é errado dizer que o isolamento social afeta a economia. “É ao contrário. A crise é causada pela pandemia. O que afeta a economia é a pandemia, não as medidas para combater.”

O governador, por fim, reafirmou a necessidade de as pessoas ficarem em casa e adotarem o isolamento social. “Se estivermos juntos, avançaremos e sobreviveremos. As grande vitórias são as conquistadas conjuntamente. Para passar, temos que ficar em casa, temos que respeitar e amar a vida. Respeitar aquilo de mais nobre e importante que recebemos dos nossos pais: a existência.”

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