Doria pede que Bolsonaro respeite famílias de 5 mil mortos e profissionais de saúde

  • Por Jovem Pan
  • 29/04/2020 13h32 - Atualizado em 30/04/2020 07h55
Bruno Escolástico/Estadão Conteúdo João Doria "Pare com essa política de perversidade", disse o governador ao presidente

O governador do estado de São Paulo, João Doria, rebateu nesta quarta-feira (29) as declarações do presidente Jair Bolsonaro feitas a respeito da pandemia de coronavírus na noite da última terça (28). “Diante de mais de 5 mil mortos, você ainda afirma que a pandemia é uma gripezinha?”, questionou Doria.

O governador iniciou a coletiva de imprensa respondendo a uma das indagações feitas na ocasião pelo presidente, que, questionado por jornalistas sobre o número de mortos por Covid-19 no Brasil, reagiu com: “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre”. Segundo Doria, é possível “enumerar” algumas atitudes que o chefe do Executivo “já deveria ter tomado”.

“Atitudes que você já deveria ter tomado e não adotou. Essa é a resposta. Fazer aquilo que você não fez: respeitar os brasileiros que te elegeram e os que não elegeram”, rebateu.

Doria também pediu respeito aos parentes e amigos das mais de 5 mil vítimas fatais da doença que foram registradas até a terça-feira e dos mais de 70 mil infectados.

“O coronavírus que você classificou como gripezinha ou resfriadinho, que você minimizou dizendo que não era importante ou grave… Peço que o senhor respeite o luto das mais de 5 mil famílias que perderam os entes queridos e mal puderam sepultar”, disse.

“Respeite médicos, enfermeiros e profissionais de saúde que estão trabalhando ao contrário de você, que vai treinar tiro”, completou o governador de São Paulo. “Esses profissionais estão trabalhando para salvar vidas, atender pessoas e proteger seres humanos. Pare com essa política de perversidade, de atrapalhar quem está lutando. Pare de fazer política em meio a um país que chora mortos e infectados.”

João Doria ainda convidou Jair Bolsonaro para ir ao estado de São Paulo visitar o Hospital das Clínicas ou o Hospital do M’Boi Mirim. “Eu convido o senhor a sair da sua redoma. Venha ver a gripezinha, as pessoas agonizando. Se não quiser vir para cá, vá para Manaus! Vá ver o colapso da saúde lá.”

Doria ainda pediu a ajuda do presidente “sendo, no mínimo, solidário” para ver a realidade do Brasil. “Saia da sua bolha, da sua fábula, do seu mundo de ódio. Seja solidário com os brasileiros que choram os mortos e enfermos.”

Por fim, criticou a atitude de Bolsonaro de “tratar pessoas como números”. “Eu, como brasileiro e cidadão, mas sobretudo como ser humano, não acho que vida é número. Nem meus filhos são números. Eles são tratados pelo nome, com o mesmo carinho, amor e afeto que dedico trabalhando de graça ao lado do prefeito Bruno Covas no combate ao coronavírus.”

“A vida não é número, é sentimento. E espero que você ainda possa resgatar o seu e ter olhar de compaixão pelo país e pelos brasileiros”, finalizou.

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