Doria repete que cracolândia “fisicamente acabou” e assume “desgaste” com ação

  • Por Jovem Pan
  • 30/06/2017 10h18 - Atualizado em 30/06/2017 10h26
MISTER SHADOW/ASI/ESTADÃO CONTEÚDO João Doria, passa pela região da Cracolândia após operação policial que dispersou traficantes em 21 de maio

O prefeito João Doria voltou a afirmar que a cracolândia “acabou”, mas “fisicamente”.

A fala ocorre mais de um mês depois da polêmica declaração no calor de operação policial do governo Alckmin que dispersou do antigo ponto do “fluxo” de usuários de droga, que se deslocaram para a Praça Princesa Isabel e, depois, para a frente da estação Júlio Prestes do trem, a poucos metros da “antiga” cracolândia que Doria diz ter exterminado.

O prefeito diz que, ao decretar o fim da cracolândia, se referia aos comércios e prédios ocupados por adictos no centro de São Paulo, desapropriados pelo poder público para a construção de empreendimentos imobiliários.

“Fisicamente a cracolândia que ocupava prédios nas Rua Helvétia com Rua Dino Bueno acabou e essa acabou mesmo”, disse Doria. “A ocupação física desse espaço era de total domínio do PCC durante 12 anos sucessivos. Acabou. Inclusive emparedamos esse acesso a todas as pensões, pocilgas, bares e outros pontos de distribuição de drogas”, afirmou.

Assista à entrevista completa abaixo:

Ele reconhece, no entanto, que a ação não conseguiu extinguir o tráfico de crack e outras drogas.

“Fisicamente esse espaço acabou. Agora nunca disse que acabou o problema de tráfico e consumo de entorpecentes em São Paulo. Eu tenho bom senso e equilíbrio. Esse é um tema de muita perseverança e longa aplicação de políticas públicas”, assumiu.

“Fisicamente a cracolândia ali não existe mais. E quero reafirmar, enquanto eu for prefeito da cidade de São Paulo, não volta”, prometeu o prefeito Doria em entrevista exclusiva à Jovem Pan na manhã desta sexta-feira (30).

“Ainda que podendo errar”

João Doria quase reconheceu “erros” em sua ação sobre o tema, que considera “espinhoso”. Mas não parece se arrepender da iniciativa.

“Estabeleci aqui com muita clareza todos os enfrentamentos necessários para a cidade de São Paulo. Um deles, o tema da cracolândia, um tema espinhoso, difícil, complexo, com muitas opiniões divergentes, mas que exigia uma posição pública do prefeito de São Paulo, que não era a indiferença nem programas equivocados, como o ‘de braços abertos para a morte'”, disse, criticando o programa do ex-prefeito Fernando Haddad (PT), que oferecia salário e moradia a moradores de rua da região.

A afirmação foi em resposta ao dado revelado pelo Instituto Ipsos de pesquisa, que mostrou que a rejeição ao prefeito aumentou de 39% a 52% entre maio e junho. Doria reconheceu o “desgaste” e citou a ação na cracolândia como possível causa.

“É uma situação que provoca um certo desgaste evidentemente na mídia, um tema como esses, mas eu prefiro sofrer julgamento pela coragem de enfrentar, ainda que podendo errar, do que ser um covarde e me ver distante do problema para não ser julgado”, afirmou Doria.

Cotidiano – buracos e semáforos

Questionado sobre programas cotidianos da cidade, como semáforos apagados e buracos nas ruas, Doria citou déficit orçamentário do município, mas disse que isso não é desculpa.

“A cidade de São Paulo tem um déficit de R$ 7,5 bilhões. A gestão anterior superestimou receitas e subestimou despesas”, disse, afirmando ter “responsabilidade fiscal”.

“Não pode sair gastando dinheiro”, afirmou. “A máquina pública não pode parar. O orçamento de 2018 será feito pela nossa gestão, com muito mais responsabilidade”, prometeu.

Doria disse que os semáforos paulistanos “são velhos” e possuem um “sistema ultrapassado”.

“Conseguimos a liberação do Tribunal de Contas do Município para a manutenção dos semáforos da cidade de São Paulo. No dia 6 devemos abrir os editais àqueles que estão apresentando suas propostas”, disse. A “vigorosa mudança” de substituição dos sinaleiros para faróis “do século XXI” deve ficar “para o ano que vem”, disse Doria.

Já sobre os buracos, o prefeito citou o “esforço” do vice-prefeito Bruno Covas e dos “prefeitos regionais”, nome dado aos subprefeitos em São Paulo. “Temos, por estimativa, mais de 650 mil buracos, herdados da gestão anterior”, citou. “Temos de começar um programa de reasfaltamento. Começamos o ‘Asfalto Novo’, ainda de forma modesta”.

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