Duda Salabert sai do PSOL e acusa partido de ‘transfobia estrutural’

  • Por Jovem Pan
  • 22/04/2019 17h36 - Atualizado em 22/04/2019 17h43
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Reprodução/Instagram Nas eleições de 2018, Duda ficou em oitavo lugar na disputa com 15 candidatos para duas vagas no Senado

Duda Salabert, primeira transexual a se candidatar para um cargo no Senado, anunciou neste domingo (21), em sua página do Instagram, sua desfiliação ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Entre outras razões, ela justificou a transfobia estrutural do partido que, segundo ela, se apropria da luta e da identidade trans para exaltar outras pessoas.

“Deixo o PSOL por não concordar com a transfobia estrutural do partido. Enquanto mulher transexual, não posso endossar uma estrutura que se apropria da luta e da identidade trans para privilegiar figuras e candidaturas já privilegiadas”, escreveu.

Nas eleições de 2018, Duda ficou em oitavo lugar na disputa com 15 candidatos para duas vagas. Além da transfobia, a ativista, que é vegana, criticou o partido por colocar a luta de direitos aos animais em segundo plano e citou como motivo, também, “algumas diretrizes internas do partido”, mas não citou quais.

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Anuncio minha desfiliação do PSOL. Deixo o partido, mas continuo meu ativismo por uma sociedade mais justa, mais igualitária e mais democrática. Mantenho vivo também o projeto de colocar no protagonismo político as bandeiras da Educação, do Meio Ambiente e da Diversidade. No atual contexto de crise da democracia, entendo que ocupar a política e disputar as eleições não me é uma escolha, mas uma obrigação. Colocar meu corpo político no centro do debate eleitoral é mais do que simbólico: é uma maneira de buscar alargar a democracia, a qual nunca foi sólida no país, sobretudo para o grupo social de que faço parte. Deixo o PSOL por não concordar com a transfobia estrutural do partido. Enquanto mulher transexual, não posso endossar uma estrutura que se apropria da luta e da identidade trans para privilegiar figuras e candidaturas já privilegiadas. Deixo o PSOL por não concordar com a perspectiva antropocêntrica que estrutura o partido. Enquanto vegana, ambientalista e defensora dos direitos dos animais, não posso aceitar que a luta para difundir o respeito às vidas de todos animais fique em segundo plano. Deixo o PSOL também por não concordar com algumas diretrizes internas do partido. Entendo que essa decisão pode surpreender muitas pessoas, mas como escreveu Pompeu, político romano, “Navegar é preciso. Viver é impreciso”. Agradeço de coração a todas correntes e filiados que me receberam e me construíram politicamente nos últimos dois anos. A crítica que resultou na minha desfiliação não é às pessoas, mas à estrutura partidária. Sigamos em luta, não mais na mesma organização, por um mundo sem desigualdades sociais. A utopia segue viva!

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O PSOL Belo Horizonte se retratou, em página do Facebook, discordando das motivações de Duda. “Nosso partido é, todos os dias, um instrumento de combate a desigualdade, ao racismo, machismo, homofobia e transfobia, em que pese as manifestações estruturais de nossa sociedade, da qual não estamos imunes”, declarou.

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