“É claro que instabilidade política contribui para rebaixamento”, diz Cunha

  • Por Agência Estado
  • 15/10/2015 14h31
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Eduardo Cunha Folhapress Eduardo Cunha

Ao comentar o rebaixamento do Brasil anunciado nesta manhã de quinta-feira, 15, pela agência de classificação de risco Fitch, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que o próprio governo contribui para a instabilidade econômica. Ele reconheceu que a instabilidade política também é um fator decisivo para o agravamento do cenário econômico. “A razão do rebaixamento são vários fatores. É claro que a instabilidade política pode contribuir. O melhor era que se resolvesse a instabilidade política. O que está causando a instabilidade política no País são vários fatores, dentre eles o governo não ter uma base”, comentou. 

A Fitch rebaixou o rating de longo prazo do Brasil em moeda estrangeira e local de BBB para BBB-. A perspectiva da nota permanece negativa. Em seu comunicado, a agência diz que o corte na nota do País reflete o crescente endividamento do governo, os crescentes desafios à consolidação fiscal e a piora da perspectiva para o crescimento econômico. A agência apontou também as incertezas políticas como um dos ingredientes do cenário de desconfiança.

O peemedebista lembrou que o governo fez uma reforma ministerial, mas que ainda assim não conseguiu resolver os problemas de articulação com sua base aliada no Parlamento. “O governo fez uma reforma. Conseguiu resolver a sua base? Não. Simplesmente manteve os mesmos votos que tinha na Casa. A prova disso foi semana passada, quando o governo não conseguiu mobilizar”, ressaltou. “O governo precisa fazer sua parte para estabilizar o processo político tendo uma base regular”, emendou

Cunha apontou os erros do Palácio do Planalto. Segundo ele, quando o governo manda propostas inexequíveis para cobrir o déficit orçamentário, dentre elas a recriação da CPMF, é óbvio que contribui com o conceito da instabilidade política. “Ao mesmo tempo, quando você fica falando de processo de impeachment o tempo inteiro, quando o próprio governo só fala do processo de impeachment e o processo de impeachment fica na pauta como o único assunto político, é claro que isso também aumenta a instabilidade política”, comentou.

Ele enfatizou que o rebaixamento tem consequências para o País, que vai aumentar o custo de captação, que mais dinheiro de investidores vai sair, e previu mais alteração na taxa de câmbio. “A gente assiste aqui à política econômica de uma nota só. Você tem o chamado ajuste de uma nota só. É uma nota só que não tem uma consequência que pode reverter o atual quadro. Não é esperar que naturalmente ele vai se resolver”, atacou.

Cunha disse que o governo tentou evitar o rebaixamento enviando ao Congresso a proposta de recriação da CPMF “com a garantia absoluta que não iriam aprovar”, apenas para demonstrar “que poderia ter algum tipo de controle”. O peemedebista apontou que o governo não enviou nenhuma alternativa ao imposto. “Isso contribui para a instabilidade. É preciso que o governo faça sua parte. Sem o governo fazer a sua parte, é muito difícil você conseguir passar a credibilidade necessária para que as agências mantenham o grau de investimento”, concluiu.

O presidente da Câmara defendeu que o governo deixe claro qual a política que adotará para não ficar “chorando agência de risco, chorando que caiu a arrecadação, que aumentou a inflação e chorando que não foi aprovada a medida tal do ajuste tal”. Ele acusou o governo de não ter promovido nenhum corte efetivo de despesas. “Se o governo levou tanto tempo para tirar passagem de primeira classe, os aviões já não têm nem primeira classe há tanto tempo e o governo ainda estava voando de primeira classe. Está na hora de a gente cair um pouquinho na vida real.”

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