Eduardo Cunha afirma que não renunciará e rebate declaração de Dilma

  • Por Jovem Pan
  • 19/10/2015 17h50
Brasília - O Presidente da Câmara, Eduardo Cunha, fala com a imprensa sobre a representação contra ele no Conselho de Ética, pouco antes de entrar no plenário (Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil) Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil Eduardo Cunha

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) afirmou nesta segunda-feira (19) que não renunciará ao comando da Casa: “esqueçam, eu não vou renunciar”. Ele declarou que aqueles que desejam seu afastamento devem “esperar o fim do mandato para escolher outro”.

Em resposta à declaração da presidente Dilma Rousseff neste domingo (18), que lamentou que “seja com um brasileiro” um escândalo de corrupção, Cunha rebateu que “lamenta que seja com um Governo brasileiro o maior escândalo de corrupção do mundo”.

Ao ser questionado sobre uma possível falta de apoio, tanto por parte da base aliada quanto por parte da oposição, o presidente da Câmara disse: “não preciso que ninguém me ajude na minha defesa”. Sobre o inquérito instaurado no Conselho de Ética da Casa, Cunha afirmou que precisará provar o contrário do que é acusado. “Não é uma questão apenas política, é técnica também”.

“Não estou dependendo de manifestação de apoio pela minha situação. Eu fui eleito para a Casa. Aqui só cabe uma maneira de eu sair, é renunciar, e eu não vou renunciar. Então aqueles que acham que podem contar com a minha renúncia, esqueçam, eu não vou renunciar (…) Eu continuarei, eu não renunciarei, e aqueles que desejam minha saída vão ter que esperar o fim do mandato para escolher outro. Sigo presidindo normalmente, com toda tranquilidade”, disse.

O presidente da Câmara dos Deputados afirmou ainda que continua com o poder de decidir sobre o avanço de um processo de impeachment contra a presidente Dilma. “Eu continuo com o poder de decidir e estou fazendo da mesma forma pública que sempre foi colocado, tanto que na semana passada eu indeferi cinco [pedidos] (…) Eu tenho legitimidade para praticar todos os atos inerentes à função pela qual eu fui eleito”, finalizou.

Em entrevista a repórter Izilda Alves, o deputado Wadih Damous (PT-RJ) afirmou que, apesar da renúncia de Cunha ser um ato unilateral, seria um “gesto de grandeza”.

“Entendo que um gesto de grandeza dele serviria para ele fazer sua defesa fora da presidência, porque sempre se acha que isso se influencia. Os indícios [contra Cunha] são veementes. É claro que ele tem o amplo direito de defesa, como qualquer pessoa. Mas estamos falando da presidência da Câmara dos Deputados. É algo ruim para a democracia, gera instabilidade política ter um presidente com o qual pesam acusações de tamanha gravidade ainda exercendo as funções”, disse.

Para o deputado do PT, a permanência de Eduardo Cunha na presidência da Casa gera um “quadro de desconforto e de constrangimento”, mas que não altera as votações dentro da Câmara.

Nesta segunda-feira, mais cedo, a assessoria de Cunha emitiu nota oficial sobre as notícias que dizem respeito as contas que o deputador possui na Suíça e sobre a denúncia da Procuradoria-Geral da República ao STF. De acordo com a nota, a estratégia adotada pelo procurador-geral de vazar supostos trechos de investigação e movimentações financeiras, atribuídas ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, tem “com o único objetivo de desestabilizar sua gestão e atingir sua imagem de homem público”.

O parlamentar, durante a entrevista, reiterou todos os pontos abordados na nota e disse que mantém os termos de forma integral. “Eu me sinto em condição de continuar na presidência e continuo reiterando a minha nota”.

*Ouça a entrevista coletiva no áudio acima

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