Em 11 anos, operador de propinas na Petrobras movimentou R$ 220 mi, diz jornal
Segundo revelou um laudo contábil-financeiro elaborado por peritos criminais da Polícia Federal, entre 2003 e 2014 foram movimentados R$ 220 milhões nas contas de Mário Frederico Góes, apontado como operador de propinas do Grupo Odebrecht e da Andrade Gutierrez.
Uma análise preliminar dos peritos indicou que a movimentação financeira nas contas de Mário Góes e de empresas ligadas a seu nome – Riomarine Oil e Gás Engenharia e Empreendimentos LTDA e Mago Consultoria S/C LTDA – se acentuou nos anos de 2008 e 2009.
Os investigadores da Operação Lava Jato suspeitam que a empresa Riomarine é de fachada e usada para lavagem de dinheiro de propina em contratos frios de consultoria.
Um porcentual elevado de saques realizados em espécie diretamente pelo caixa do banco chegaram a totalizar valores da ordem de R$ 70 milhões e também chamaram a atenção da Polícia Federal. “Tal prática é corriqueiramente aplicada em operações voltadas a ocultar ou dissimular os reais beneficiários dos recursos sacados, sobretudo em situações que envolvam o pagamento de vantagens indevidas”, diz o laudo da PF.
Os peritos chegaram a identificar que empresas e consórcios ligados aos Grupos Odebrecht e Andrade Gutierrez realizaram transferências de recursos a crédito da Riomarine Oil e Gás Engenharia e Empreendimentos LTDA, em um total de R$ 6.447.160,96, entre os anos de 2004 e 2009.
O laudo sustenta ainda que, “com base no material submetido a exames, constatou-se que Mario Frederico de Mendonça Goes é apontado como operador do pagamento de propinas decorrentes de contratos cartelizados firmados entre as empresas/consórcios do Grupo Odebrecht e Andrade Gutierrez. Tais pagamentos teriam sido realizados por meio de contratos fictícios de serviços de consultoria firmados entre as citadas empresas/consórcios e a Riomarine Oil e Gas e Empreendimentos LTDA”.
Na sede da Riomarine foram encontrados diversos contratos de prestação de serviços de consultoria, segundo informou o documento da PF. Para a Polícia, os contratos “possuem correspondência fática com a movimentação financeira analisada, revelando a existência de depósitos oriundos das empresas/consórcios formados pelo Grupo Odebrecht e Andrade Gutierrez e que possuem correlação temporal com contratos firmados entre as citadas empresas/consórcios e a Petrobras”.
Tanto Odebrecht quanto Andrade Gutierrez negam envolvimentos no cartel de empreiteiras instalado na Petrobras. As duas empresas afirmaram que nunca pagaram propinas.
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