Em depoimento a Moro, Palocci incrimina Lula em ação de propinas da Odebrecht

  • Por Jovem Pan com Estadão Conteúdo
  • 06/09/2017 17h45 - Atualizado em 06/09/2017 18h41
BRA105. BRASILIA (BRASIL), 13/03/2017.- El expresidente de Brasil Inácio Lula da Silva participa en la apertura del seminario del congreso de la Confederación Nacional de Trabajadores de la Agricultura (Contag) hoy, lunes 13 de marzo de 2017, en Brasilia (Brasil). Lula ignoró hoy la declaración que deberá hacer este martes ante un juez como reo y asistió a un congreso campesino con duras críticas al Gobierno de Michel Temer y casi en plan de "candidato". EFE/Joédson Alves EFE/Joédson Alves Segundo o advogado do ex-ministro, Palocci teria dito que o ex-presidente sabia da compra do terreno destinado a sua instituição.

O ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil, Antonio Palocci, acusou o ex-presidente Lula de receber propinas da Odebrecht. O depoimento do ex-ministro de Lula e Dilma foi concedido nesta quarta-feira (6) ao juiz Sérgio Moro, no âmbito da operação Lava Jato.

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), os valores pagos pela Odebrecht alcançam R$ 75 milhões em oito contratos firmados com a petrolífera. Segundo a força-tarefa da operação, os números envolvem um terreno de R$ 12,5 milhões para o Instituto Lula e a cobertura vizinha à do petista em São Bernardo, avaliada em R$ 504 mil. Segundo o advogado do ex-ministro Adriano Bretas, Palocci teria dito que o ex-presidente sabia da compra do terreno destinado a sua instituição.

“No jantar ocorrido no apartamento do presidente Lula, em que participaram todas essas pessoas, o ex-ministro Palocci os convenceu e os dissuadiu no sentido de que essa operação era escandalosa e que poderia expor demais essa situação. Ficou clara toda a participação do ex-presidente Lula”, afirmou o advogado que defende Palocci.

Antonio Palocci confessou ter praticados crimes na Petrobras. Ouvido como réu em um processo criminal da Operação Lava Jato, o petista citou R$ 300 milhões da Odebrecht para o esquema do partido. Palocci disse ainda que o ex-presidente recebeu R$ 4 milhões em espécie.

“A destinação dos recursos era determinada a partir da cúpula do PT, seja pelo presidente Lula, Paulo Okamotto ou Antonio Palocci. Aí, foram destinados R$ 4 milhões do ex-presidente, questões pessoais de Antonio Palocci. Por exemplo, R$ 4 milhões em espécie que foram retirados para pagamento de gastos do Instituto Lula. Então, isso foi um favorecimento pessoal. Mas também, essa conta foi usada para o pagamento de campanha, seja por caixa dois, seja por caixa oficial”, disse outro advogado do ex-ministro, André Pontarolli.

Durante duas horas, Palocci afirmou que está negociando um acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato, mas que colaboraria com a Justiça de forma espontânea.

Nesta ação, Lula é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no que diz respeito aos contratos entre a empreiteira e a Petrobras. Palocci, o empreiteiro Marcelo Odebrecht e outros cinco também respondem ao mesmo processo.

Defesa

O advogado responsável pela defesa de Lula, Cristiano Zanin Martins, negou que o ex-presidente tenha recebido propina e classificou a denúncia do ex-ministro como “ficção”.

“Não há vantagem indevida, não á qualquer relação com contratos firmados com a Petrobras. A denúncia é uma pura ficção, e os depoimentos prestados hoje não contribuem para nada. São depoimentos que não acrescentam nada, até porque sem qualquer prova”.

Segundo Zanin, o ex-presidente foi ao terreno mencionado por Palocci uma vez e disse não ter interesse. “Na verdade, a diretoria do Instituto Lula verificou que ele não era apropriado para a destinação que se buscava. Então, está muito claro e isso, evidentemente, é a verdade e é o que vai também ser esclarecido pelo ex-presidente Lula”.

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