Em depoimento a Moro, José Dirceu relata dívidas e dificuldades financeiras

  • Por Jovem Pan
  • 02/02/2016 12h22
Wilson Dias/Agência Brasil - 15/12/2010 Ex-ministro da Casa Civil José Dirceu

Falando ao juiz Sérgio Moro, José Dirceu diz que está passando por dificuldades financeiras e afirma não entender até agora por que foi preso. Os detalhes deste depoimento, que ocorreu na última sexta-feira (29), com o repórter Victor La Regina.

Assista ao vídeo do depoimento completo abaixo:

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu negou ter indicado Renato Duque para a diretoria de serviços da Petrobrás e diz passar por dificuldades financeiras.

Em um longo depoimento prestado na última sexta-feira ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba, o petista admitiu que todos os cargos eram definidos pela Casa Civil.

Indicações

“Tudo passa pela Casa Civil. Se for assim, doutor, eu indiquei todos os diretores, todos os presidentes de estatais, todos os ministros do governo”, disse Dirceu, Ele disse que não teve nenhuma participação especial ou preferência para indicar Duque

No entanto, Dirceu nega ter feito uma escolha pessoal por Duque, apontado como o braço do PT no esquema de propinas da Petrobrás. “Eu assumo minhas responsabilidades; agora não posso assumir responsabilidade que não é minha”.

O ex-ministro invocou o depoimento do ex-presidente Lula, que recentemente disse que as indicações para os cargos passavam pelo ministério.

Patrimônio

Dirceu ainda falou sobre o faturamento da JD Consultoria. O petista admitiu ter lucrado 40 milhões de reais com a sua empresa, mas ressaltou que 85% do faturamento eram de despesas.

Ele ainda diz que prestava as consultorias para propagar a imagem do Brasil no exterior, e não para se enriquecer. “Eu fazia o que se faz para abrir mercados para o Brasil. Eu entendia que eu estava fazendo consultoria, ganhando para mim me defender (sic), fazer meu blog, viajar pelo país, eu não estava me enriquecendo, não tinha esse objetivo”, afirmou.

Para o ex-ministro, cobrar mais de R$ 1 milhão por uma consultoria internacional é um valor “irrisório”. Ele disse isso ao elogiar a si mesmo e destacar seus contatos políticos fora do país.

Dívidas

Em diversas partes do depoimento, Dirceu queria mostrar que está passando por dificuldades financeiras. Respondendo a uma pergunta de seu advogado, Roberto Podval, o ex-ministro relata as dívidas que têm atualmente.

“Devo ao banco cerca de R$ 900 mil, tenho um crédito rotativo da JDA no Banco do Brasil que está aumentando e devo dever de impostos (…) cerca de mais de 1 milhão, R$ 1,5 milhão”, confessa.

“Não consigo aceitar”

No final do depoimento, o juiz Sérgio Moro pede que Dirceu faça uma declaração final.

O petista afirma não entender por que foi preso e confessa que não quer ser novamente apontado como o chefe da quadrilha.

“Eu não consigo aceitar minha prisão. Eu estava prestando todas as informações, estou sempre à disposição da Justiça, eu vou assumir o que tiver que assumir. Agora, o que eu não posso é pela segunda vez virar chefe de quadrilha, o que eu já estou virando, ou que eu enriqueci”, lamenta.

Dirceu foi preso em agosto do ano passado, pela décima e sétima fase da Operação Lava Jato. Elé é apontado como receptor de pelo menos R$ 11 milhões em propina, a partir de contratos da Petrobras.

Segundo o Ministério Público, parte desses recursos vinha de empresas que prestavam serviços terceirizados para a Petrobras e eram “apadrinhadas” pelo ex-ministro da casa civil.

Com Vicotr LaRegina

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