Em depoimento, Vaccari demonstra nervosismo e admite encontro com Duque e Barusco

  • Por Jovem Pan
  • 09/04/2015 17h52

João Vaccari Neto responde perguntas de deputados nesta quinta-feira (09)

Marcelo Camargo/Agência Brasil João Vaccari Neto

Em depoimento à CPI da Petrobras – que durou cerca de 7 horas – o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto negou ter recebido propinas na forma de doações oficiais. Segundo denúncia do Ministério Público Federal, Vaccari teria repassado pagamentos da Petrobras a empresas contratadas, na forma de propina, para o partido.

Os procuradores que investigam desvios na estatal concluíram que repasses oficiais aos diretórios do PT foram feitos por empresas contratadas pela Petrobras poucos dias depois dos pagamentos serem feitos. Questionado pela deputada Eliziane Gama (PPS-MA) sobre as doações, Vaccari insistiu que as “doações são legais”.

Sobre as doações de campanha, Vaccari afirmou que as doações de campanha oficiais feitas por empresas investigadas pela Operação Lava Jato na campanha eleitoral de 2010 não representam peso excessivo no total arrecadado.

Segundo ele, as doações das empresas investigadas, em 2010, totalizaram R$ 135 milhões. Ele se baseou em reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, segundo a qual, em 2010, os percentuais de doações dessas empresas aos partidos foram os seguintes: PMDB – 24%; PT – 23%; PSDB – 20%; PSB – 14%. “As doações feitas por empresas investigadas foram equivalentes às de outras empresas”, disse Vaccari.

Para a campanha do PT em 2010, o tesoureiro afirmou a todo momento que não tinha a atribuição de arrecadar recursos de campanha para o partido nas eleições de 2006 e 2010.

João Vaccari Neto afirmou ainda ser a favor do financiamento público de campanhas. “Sou a favor de que os partidos só recebam recursos públicos”, disse Vaccari, ao responder pergunta do deputado Ivan Valente (Psol-SP).

No entanto, o tesoureiro do partido de Dilma Rousseff negou ter recebido dinheiro de corrupção para a campanha da presidente, conforme afirmou Pedro Barusco à CPI anteriormente. Ele ainda completou dizendo que quando conheceu Barusco, ele já estava fora da Petrobras e que o ex-gerente não fazia parte de sua intimidade. Barusco falou em depoimento sobre supostas reuniões para tratar do pagamento de propinas em que Vaccari teria estado presente.

Questionado se conhecia os envolvidos no esquema de corrupção da Petrobras – ex-diretor de Serviços, Renato Duque; ex-gerente de Serviços, Pedro Barusco; doleiro Alberto Youssef; ex-presidente da estatal, Graça Foster; ex-presidente da Petorbras, José Sergio Gabrielli; presidente da UTC, Ricardo Pessoa; ex-diretor da estatal, Nestor Cerveró e o lobista Fernando Baiano – disse conhecê-los (exceto Cerveró) e/ou ter feito poucos contatos.

Sobre o depoimento de delação premiada do doleiro Alberto Youssef, Vaccari afirmou a todo momento que as informações tidas são falsas. “Os termos de sua declaração no que dizem respeito à minha pessoa não são verdadeiros”, disse ao início da CPI.

Detector de mentiras

O tesoureiro do PT João Vaccari Neto, ao responder pergunta da deputada Mariana Carvalho (PSDB-RO) durante sessão da CPI da Petrobras, admitiu ser submetido a um teste com detector de mentiras. “Eu já disse aqui estar à disposição das autoridades”, disse.

Convocação da cunhada de Vaccari

A CPI da Petrobras deve convocar Marice Correia de Lima, cunhada do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, para depor na comissão. Documento apresentado pela deputada Eliziane Gama (PPS-MA) mostra que a cunhada de Vaccari foi a Milão, na Itália, em 2012, e ao Panamá, em 2013.

Marice também é investigada pela Operação Lava Jato. A Polícia Federal apreendeu documentos que registram o pagamento de R$ 244,2 mil da empreiteira OAS para ela.

Possível acareação entre Vaccari e Barusco

O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, disse à CPI da Petrobras que está à disposição caso a comissão decida promover uma acareação entre ele e o ex-gerente de Tecnologia da Petrobras Pedro Barusco, que o acusou em depoimento de receber propinas de empresas contratadas pela estatal.

Barusco disse em depoimento que ele, Vaccari e o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque receberam propinas relativas a cerca de 90 contratos da Petrobras. Segundo Barusco, Vaccari teria recebido algo entre 150 e 200 milhões de dólares, dinheiro recebido em nome do PT.

Vaccari negou qualquer arrecadação ilegal feita pelo PT e disse que só conheceu Barusco quando este já tinha deixado a Petrobras. “As afirmações dele não são verdadeiras”, disse.

“Criminalização do PT”

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) criticou os trabalhos da CPI da Petrobras e disse que a comissão está agindo para criminalizar o PT, ao mesmo tempo em que protege outros partidos ao não aprovar a convocação de depoentes relacionados ao PMDB, como o empresário Fernando Soares, o Fernando Baiano. Ele está preso em Curitiba (PR), acusado de envolvimento em pagamento de propinas.

O presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), reagiu à acusação. “Esta CPI não está protegendo quem quer que seja. Eu não admito esta ilação”, disse.

“Ratos” soltos no plenário

Um funcionário que acompanhava a reunião da CPI da Petrobras soltou cinco roedores (2 ratos, 2 hamsters e 1 esquilo da Mongólia) no plenário no momento em que o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, entrava. Houve princípio de tumulto e o homem foi detido pela polícia legislativa.

O homem, identificado como Márcio Martins Oliveira, ocupava um “cargo de natureza especial” (de livre nomeação) na segunda vice-presidência.

Em depoimento ao Departamento de Polícia Legislativa Federal (Depol), Márcio negou as acusações e afirmou estar sendo vítima de um equívoco. O Depol solicitará imagens do circuito interno de TV da Câmara para verificar o que ocorreu durante a audiência.

Ele foi liberado após assinar um termo de compromisso assegurando que se apresentará à Justiça quando for convocado.

*Com informações de Agência Câmara de Notícias

 

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