Em desabafo, Gilmar Mendes chama mídia de “opressiva” e “chantagista”
Durante voto no qual concedeu “habeas corpus” preventivo ao ex-presidente Lula e empatou o julgamento, que pode se tornar em um novo entendimento sobre a prisão em 2ª instância, o ministro Gilmar Mendes desabafou contra o que chamou de “opressão” da imprensa.
“Estou aqui há 15 anos e já vi quase de tudo. Nunca vi uma mídia tão opressiva quanto aquela que se tem feita nesses anos”, disse.
Mendes lembrou que “veio do governo FHC” e afirmou que “devemos muito do quadro de intolerância no País à prática que o PT desenvolveu nos últimos anos”. “O PT tem a grande chance de fazer um pedido de desculpas público por esses ataques”, pediu o ministro.
Mendes chamou a mídia “até de uma certa forma chantagista”.
No desabafo contra a mídia, Mendes citou reportagem da Folha de S. Paulo que mostrou que os ministros do Supremo têm 88 folgas ao ano além dos fins de semana. O ministro disse que é contra as folgas.
“Temos de acabar com esses feriados do Judiciário. Temos de acabar com as férias em dobro. Temos de acabar com penduricalhos, com auxílio-moradia, com o diabo. Mas não mediante chantagem. É como se dissessem: ‘se vocês se comportassem, a gente não publicaria isso, mas como não estão se comportando…’ Não dá. Num regime democrático isso não se pode fazer”, declarou.
Mendes também criticou o “carnaval” que teria sido feito no Jornal Nacional, da Rede Globo de terça (3) em matéria que “tentou apontar” sua incoerência. Mendes votou em 2016 a favor da prisão após 2ª instância. Agora, encaminhou o voto contra o entendimento atual.
“Essa mídia opressiva nos incomoda e estimula esses ataques de rua…”, disse Mendes. O ministro cita que foi ofendido em Lisboa por duas mulheres e criticou chamada do jornal O Globo, que teria perguntado “o que você faria (se encontrasse Gilmar Mendes na rua)?”
Gilmar Mendes disse que “não é possível julgar segundo o sentimento da rua” e afirmou que “os nazistas já fizeram isso”. Se isso acontecesse, era melhor “fechar o Tribunal”, segundo o magistrado. Em crítica indireta a Luís Roberto Barroso, Mendes criticou a “demagogia barata” e disse que tem coragem de “mudar de posição de forma clara, olhando nos olhos”.
CNJ
Ainda durante o desabafo, Mendes disse que não pode ser acusado de favorecer pessoas específicas.
“Não sei se eram pretos ou putas, mas quem foi libertá-los fui eu”, afirmou Gilmar. “Eu não aceito discurso que estou preocupado com esse ou aquele. Porque fui a (presídio de) Bangu. Fui a Pedrinha. Não fiz isso por demagogia. Deu resultado”, disse Mendes, lembrando tempo em que presidia o Conselho Nacional de Justiça e liderou mutirão que libertou milhares da cadeia.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.